tag:blogger.com,1999:blog-28106951289952630762024-03-06T02:12:25.034+00:00ODEIO ERVILHAS[ que é tão aleatório como "marquise", e igualmente verdadeiro ]odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.comBlogger303125tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-39686730977066488642013-12-28T23:34:00.000+00:002013-12-28T23:34:01.497+00:00não há palavras.<div style="text-align: justify;">
Fico mais vezes muda do que gostaria. Eu, para minha vergonha, formada numa faculdade de Letras, acabo irremediavelmente a perdê-las (e o sentido da tese, o que me aumenta a desgraça) quando me distraio e me descontraio a ouvir um bom fado. Não um qualquer, nem um que não lhe seja digno de nome. Um em particular, o Fado na voz que prefiro entre todas. Este novo <a href="http://www.youtube.com/watch?v=gvrl1KmE25g" target="_blank">fado</a> que já devorei mais que os doces de Natal, que sabe melhor que os Ferreros e os Rafaellos - juntos e multiplicados. Tão inexplicavelmente bom e igualmente impossível de apanhar. É para sentir com os olhos fechados, enquanto as palavras do Alegre regressam e se dobram em sentidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
A origem do fado não importa</div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Ele é a própria origem ou talvez</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
D. Pedro coroando Inês já morta</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Ou a história escondida atrás da porta</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Onde se aninha o medo português</div>
</span></span><div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Não procures a origem: ele é a origem</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Antes do antes e antes do começo</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Como oiro no avesso da fuligem</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Ou Lisboa e Pessoa e aquele verso</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Onde os sentidos sentem o que fingem</div>
</span></span><div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Não procures na história: ele está fora</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
E estando fora ele é o próprio centro</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
A hora antes da hora e aquela hora</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Onde o dentro está fora e o fora dentro</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Do momento que passa e se demora</div>
</span></span><div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Não busques noutro lado: ele é aqui</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
E sendo aqui é sempre o outro lado</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
O presente e o passado e o nunca achado</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
País que é e não é dentro de ti</div>
</span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: center;">
Onde tudo começa e tudo é fado</div>
</span></span>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-69647309045158183292013-12-20T00:04:00.002+00:002013-12-20T00:04:30.889+00:00Farewell.<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi42x77nTxWZzNI6a0l_4Qr2EXLcdp1p4ArOFg3Xb9lzNYsSVL3RZ2fgS0Sa02RfGxvRt8DT5eRNVi6ClVwcXyRZAteZqYI4wXvoTDCzarErfunLsPL6-OWvw1UuKloCcRmxjHRu9stVLcG/s1600/546393_432626003422300_2147229293_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi42x77nTxWZzNI6a0l_4Qr2EXLcdp1p4ArOFg3Xb9lzNYsSVL3RZ2fgS0Sa02RfGxvRt8DT5eRNVi6ClVwcXyRZAteZqYI4wXvoTDCzarErfunLsPL6-OWvw1UuKloCcRmxjHRu9stVLcG/s400/546393_432626003422300_2147229293_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: left;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Páscoa 2011-2013</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-86063180110347317482013-11-11T23:47:00.001+00:002013-11-11T23:50:27.090+00:00gostar de ti é um poema que não digo.<div style="text-align: justify;">
Quando chega a noite e o frio dá vontade de fazer uma toca nas mantas polares, fingir que não há nada do outro lado e escolher meticulosamente a quem se autoriza companhia. Dá vontade de ir remexer nos livros que dormem no quarto ao lado, nas coletâneas vermelhas oferecidas - mas não vou, nem fui que o medo manda. Fico só encolhida o mais que posso, metida dentro de uma música a preto e branco, ou de um fadinho chorado da reação. Dá mesmo vontade de ficar assim, esquecer a crise e o bicho da troika, os ministros ausentes e as comemorações do Cunhal. Mas adiante que vai tudo chutado para canto, que à tarde "Somos Portugal". Ah miséria. Aborrecimento e tédio deste país... até que eles lá vêm, por surpresa e mistério da internet. Vêm sem nome, poema e tudo mais na dúvida. Pede-se ajuda, sem vergonha nem descaramento. E, ah, já se pode desfrutar deste país assim cantado. Com tudo o que não se sabe do amor, também. Com tudo o que não se sabe e com todo o fogo maldito das tranças em Coimbra, que não se sabe, também, como não ardeu.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Fica este, novidade, e duas idiotas (oh irmã) a ver a que é que soam as rimas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://delta4.no.sapo.pt/malegre10.HTML">http://delta4.no.sapo.pt/malegre10.HTML</a></div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-40023295198875480872013-09-27T00:22:00.001+01:002013-10-25T00:22:37.776+01:00não vês?<div style="text-align: justify;">
A propósito de umas aventuras literárias foi-me pedida uma pequena apresentação, qualquer coisa como "eis a mariana em 5 linhas". Não podia, nunca, não te incluir. Antes disso, claro, tentei crescer uns palmos com referência a uma ou duas medalhas sem jeito. Mas tinha sempre de chegar a ti: "Desde junho de 2008 é orgulhosa autora do (muito modesto) blog Odeio Ervilhas". Sempre. És, meu querido, a casa na árvore que todos os putos querem - e que, como eu, nunca tiveram. Um cantinho só meu (só nosso), para sempre cúmplice e saudoso dos primeiros tempos. Também carregado de vergonha pelas baboseiras que eu mesma, menos isto e menos aquilo, fui escrevendo. Marca de evolução para coisa nenhuma, entre muitas palhaçadas e ocasionais momentos sérios, dramáticos. Um blog psicólogo e terapeuta, onde convido quem quero e qualquer um pode entrar. É o filho mais velho do capítulo de um livro. "O mais belo livro de contos publicado este ano em língua portuguesa." A responsabilidade cresce, traz com ela um ligeiro travo a champagne (era rosé). E eu só queria que soubesses, que visses. Que ainda cá estivesses, que existisses no espaço que me fizeste inventar. Só para eu te dizer "olha vê". Não vês? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez não. Porque, afinal, é verdade o que dizia o poeta. <a href="http://lisboameninaemoca.blogs.sapo.pt/405681.html" target="_blank">Não se pode morar nos olhos de um gato</a>.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">A ouvir: </span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=PXu6M0jpa4c"><span style="font-size: x-small;">http://www.youtube.com/watch?v=PXu6M0jpa4c</span></a></div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-62836311106995453772013-09-15T21:38:00.000+01:002013-09-16T11:26:36.007+01:00Um bocadinho meu.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpcqyLMEWxRsaSHaHRZjavje65eufE52n5PlpZ-MMR1NDOrbyGHLfmZ4aixeMv_NCRN2DNjwW1EfMui2-P9IxsCVDWuniFbCQ1pQiyAbLQEhPWrAW4oL5XbWrleb3vC5l0EwuEzw9qvmPV/s400/page.jpg" width="400" /></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<strong></strong> </div>
<div style="text-align: justify;">
<strong>Rio "humanizado" em livro com "Estórias do Mondego"</strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Autores orgulhosos de obra, ontem apresentada, que mostra a influência do rio na vida de muita gente que com ele vai convivendo</em></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="field-label" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="field-label" style="text-align: justify;">
Edição de: <span class="date-display-single" content="2013-09-14T05:00:00+01:00" datatype="xsd:dateTime" property="dc:date">Sábado, Setembro 14, 2013</span></div>
<div class="field-items" style="text-align: justify;">
<div class="field-item even" property="content:encoded">
Foi sobre as suas águas, apreciando as suas margens e a bordo de um barco que, em sua homenagem, se chama Basófias, que foi lançado ontem o livro “Estórias do Mondego” com contos escritos por cinco jovens licenciadas em Jornalismo, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que, por serem reais, dão importância, vida e personalidade ao rio que nasce na Serra da Estrela, termina na Figueira da Foz e interfere, das mais diversas formas, com milhares de pessoas, que com ele se relacionam diariamente.<br />
in. Diário de Coimbra</div>
</div>
</div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-17798142455362186632013-07-08T22:00:00.000+01:002013-07-08T22:33:33.310+01:00Lisboa, Lisboa.<div style="text-align: justify;">
Perdi-me numa autoestrada. Quem é que se perde na autoestrada? Ninguém. Nem eu, normalmente. Mas também passei a primeira portagem com o carro na reserva, fui a rezar até à área de serviço de Monte-Redondo e depois a tentar fotografar as placas com as saídas para Peniche e outros sítios de férias. A porcaria da máquina só atinou já bem depois de Óbidos, onde parámos para comprar uns litros de água fresca. Cada vez mais perto da cidade, quando percebemos que devíamos estar na A1. As frequências do rádio iam enlouquecendo em grunhidos impercetíveis. O carro deslizava pelo alcatrão, todo pomposo com os seus pneus novos - e perdeu-se o tampão de uma roda, algures. Mas depois, mais perto, cada vez mais perto, aparece a sintonia daquela rádio maravilhosa. Já quase a chegar à saída para o aeroporto começa um fado. Uma onda brutal de saudade atravessou-me a tal ponto de abraçar o volante. Queria saltar para fora dos vidros. E o Bruno parvo a olhar para mim (esse filho da mãe que me acompanha sempre nestas aventuras, nunca tem bateria no telemóvel e raramente cumpre horários). Olhava e eu cantava, berrava aquele fado lindo. Maravilhada com tudo, perdi-me nos cortes e nos mil semáforos sempre vermelhos. Seguimos as indicações até Chelas, Olivais, Parque das Nações, FIL. Então sentiu-se um calor morto e abafado, o cansaço e as corridas entre cargas e descargas. Caixas, galinhas, inBags, marca ergue-te por todo o lado. Depois a decoração, e o amigo vitrinista que apareceu a dar dicas. Há também amigas e os seus namorados perfeitos, vizinhos dos stands ao lado e o senhor António que deita o olho às nossas malas, à troca de quando vai comprar uma cerveja nós olharmos pelas suas madeirinhas. Dentro da Feira parece sempre dia, tipo quatro da tarde com sol inclinado. Depois quando se volta a siar à rua já é outro dia, passa da meia-noite e eu à procura das chaves do carro, depois à procura da rotunda e do corte que não posso perder. E às vezes perco, e ando em voltas enormes e complicadas, cidade fora ao som da rádio Amália. E há poucas coisas melhores, por estes dias, que uma rádio que só dá Fado. As saudades (tuas) que eu tinha. </div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-26428013939872549352013-06-27T21:57:00.000+01:002013-06-27T21:57:51.584+01:00na chama de uma casa em fogo.<div style="text-align: justify;">
Como é que querem que estude, que me concentre. Que seja toda investigação académica, em corpo de letra times new roman, tamanho 12. O corpo que me lembra não é o da letra, destas letras pelo menos. Enquanto isso, derreto especada no ecrã, no vazio de uma folha quase em branca que aguarda, teimosa, os conhecimentos inventados que irão surgir - que têm de surgir, porra. E há prazos a respeitar, há coisas para fazer. Não há tempo, hipótese nenhuma para este fogo maldito, que abrasa devagarinho. Que consome centímetros de coisas que não são suas. Como é que querem que me concentre debaixo desta chuva de meteoritos. Como é que hei-de pensar nas letras, nos seus malditos corpos e formatações - se é o teu que não me sai da cabeça. Que escorregua feito água fria, vapor na pele quente de inferno. Corpo fantasma que vem inquietar o sono e os sonhos. Corpo presente que transpira. Das festas de verão, de andar à toa sem destino. Sei lá o que fazia, sei lá onde eu ia. Sei lá o que fazia, amor. Sei lá se fazia amor. </div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-82361325640162656212013-06-09T19:59:00.001+01:002013-06-09T19:59:36.200+01:00Fantasma<div style="text-align: justify;">
O homem entrou no café discretamente. Ninguém deu por ele, todo de preto, na sua marcha até ao balcão. Encostou-se todo e esperou que alguém lhe perguntasse o que queria. Ficou ali um bocado, invisível. Debaixo do zelo com que se vestida sobressaia uma decadência de doente, esfarrapada. Tinha a barba aparada e, por cima do casaco de polar de desporto, fechado até à gola, uma pequena mala a tiracolo, com ar de loja do chinês. Ainda lá estava, igual, quando o funcionário disparou na sua direcção. Queria raspadinhas. 5 das mais baratas. Ficou a raspar, a raspar. Fez dois montes diferentes, e levou um deles ao balde do lixo. Esperou outra vez, encolhido no mesmo sítio, que alguém o visse. Virou-se para a sala, que estava cheia, e um senhor de boina e suspensórios sorriu-lhe de uma mesa perto da televisão. Acenou com a cabeça um não muito pouco expressivo. Virou-se e já estava o miúdo do balcão a trocar as raspadinhas com prémio por outras. Eram duas. O homem, depois, encolheu-se novamente naquilo de raspar, com uma moeda minúscula e preta. Não tinha prémios, endireitou os papéis um no outro e passou no balde do lixo antes de sair, com o mesmo passo miúdo com que tinha entrado. Já não se viu mais, discreto como tinha vindo. O fantasma das raspadinhas. E o velho da televisão comentava com o empregado da sala, a meio do futebol: <i>ele morreu quando lhe morreu a velha. </i></div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-71265829588558605082013-03-05T23:16:00.003+00:002013-03-05T23:18:06.530+00:00um dia, princesa<div style="text-align: justify;">
Matas-me com meia dúzia de palavras e demasiados "a"s. Juro que vou, um dia vou ter contigo e vamos correr os fados todos - e as tuas eternas músicas brasileiras. Adoro-te.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
sms recebida 3/03 19:13 </div>
<div style="text-align: justify;">
"Tenho lido o odeioervilhas para matar saudades das nossas piadas :) anda pra lisboaaaaaa. Aqui há muito fado."</div>
<br />
<br />odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-24190819955959190312013-02-27T21:41:00.004+00:002013-02-27T21:41:57.043+00:00a miúda das botas<div style="text-align: justify;">
Estava um vento gelado, de arrepiar. Ninguém queria estar na sombra da paragem do autocarro, mas o sol estava escondido. Do fundo da rua, em passos minúsculos que pareciam levitar sobre o passeio, apareceu uma miúda anafada, puxada pela mão por uma senhora com as costas meio curvadas. Pararam junto à tabuleta amarela e confirmaram os horários sem falar. A miúda só trazia um botão do sobretudo mel apertado. Os outros dois não fechavam, deixavam ver o casaquinho de malha roxa, com ar artesanal, que combinava com uma camisola de gola alta castanha, daquela lycra horrível que aperta. A miúda tinha uma pancinha empinada a condizer a com as bochechas. Na mão que a senhora lhe deixava livre, ia abanando uma lancheira com padrão igual à mochila. Grande, enorme, um rectângulo de tralha a pesar nas costas. Género para-quedas ou saco de campismo, azul e cor-de-rosa, com um grande dizer estampado e com brilhantes: "cutie". Era amorosa, todo o conjunto. A senhora trazia três ou quatro sacos de compras semi-vazios. Tentava, a custo, tapar a garganta com o casaco vermelho de malha, com dois buracos bem à vista. Apertava a mão da miúda, esfregava-a como se fosse um termoventilador. O vento cortava a roupa, chegava à pele e aos ossos. Conversaram entretanto, mas não se ouviu uma palavra. A miúda soltou-se daquela mão engelhada e vasculhou os bolsos do casaco e das calças, depois virou-se de costas e abanou a mochila. A senhora abriu o bolso pequeno e encontrou-o vazio. Suspirou, suspiraram as duas. Voltaram a agarrar-se pela mão e retomaram a marcha. Afastaram-se da paragem, pouco tempo antes de chegarem uns quantos autocarros. Foram embora. A miúda tinha um andar esquisito. A sua bota castanha, de cano alto, do pé direito, estava quase toda descolada da sola e, a cada passo, dançava instável entre o sítio certo e as laterais do calcanhar. As antigas "botas com fome", como a minha avó costumava chamar, que andavam sempre de boca aberta, a rir. Nunca as tinhas visto assim: a chorar. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-31832315165610363652013-02-22T02:03:00.002+00:002013-02-22T02:03:25.216+00:00Baixa e Baixinha #1<div style="text-align: justify;">
Desci pela rua da Ilha e quase torci um pé na calçada. Continuei, vi um carro a raspar o muro lateral da Sé e arrepiei-me como se fosse meu. Cheguei às escadas e parei para, a pedido, fotografar um casal (alemão?), que estava bastante perdido mas a adorar o passeio. Desci pelo quebra-costas sem mais interrupções, mas não sem deixar de apreciar as meninas da casa de fado à coca de turistas. Já na curva antes do Arco, desviei-me, no limite, de um cão pequeno e despenteado que vinha em sentido contrário, a toda a velocidade. Depois vejo Capas e Batinas e, embora sem conseguir ainda ouvir, percebo que é uma tuna feminina. Cantavam o "à meia-noite ao luar" com uma doçura exagerada. Muito mansas, pensei. Deixei-lhes 1€ por respeito às Capas - agradeceram com um piscar de olho. Segui até ao Nicola e entrei para um café rápido ao balcão, ouvindo ao longe as meninas a subirem o tom. Percebem-se, agora, claramente as pancadas no bombo. Dois velhos comentam que "parece que estão a rachar lenha". Riem, eu também. Volto à rua, está um homem, sentado num banco de plástico, a tocar o "quizás quizás quizás" num acordeão brilhante que larga demasiado ar. Abrando o passo, não é costume ouvir um músico de rua tão delicado nas notas. Aproximo-me com outro euro em punho e, antes de lho deixar na mala que tinha aos pés, já ele está a agradecer-me com um sorriso meio podre. Engasguei-me e atropelei um "bom dia" num "boa sorte". Ainda nem tinha andado 20 passos quando alguém me acena do meio da rua. Demorei até perceber quem era, detive-me à conversa por uns instantes. Recuperei o andamento e percebi que, ao chegar à descida para a Praça 8 de Maio, ainda consigo ouvir o acordeão velho, convicto no mesmo tema. Estão ciganas com olhar desinteressado a vender meias do topo do muro, a maioria dos que passam não vêem nada destes negócios. Meto pela Rua da Moeda, sempre com o seu ar meio imundo, apenas recortado, aqui e ali, pelo aroma das padarias, e mini-mercados que vendem "molhadas" de hortaliça. Quando se começa a ver a mini-feira de roupas e outras contrafações chegam os primeiros acordes da pianola do Cortês, que está sempre no mesmo sítio - agora com um teclado novo. O desfile de personagens não acaba sem entrarem os senhores e as senhoras que se acumulam nas filas da Loja do Cidadão ou que deambulam pelo largo, sem mais nenhuma ocupação. Eu sigo, já perdida no raciocínio que interrompi a meio da primeira rua. Vinha a organizar o dia, a transformar o cérebro em agenda. Quase torci um pé, depois distraí-me até cá abaixo.</div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-44816900259932815912012-10-06T16:59:00.002+01:002012-10-06T16:59:44.741+01:00Senhor Mário<div style="text-align: justify;">
Ontem foi o aniversário do avô Mário. Nasceu com a República no dia, mas 25 anos depois dela. É uma figura curiosa, o meu avô.. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quando era novo escapou à tropa por excesso de peso, abriu uma mercearia e hoje ainda sabe trautear a lengalenga de produtos que vendia. Às vezes engana-se, mas ainda sabe. O meu avô, quando me vê, cumprimenta-me sempre com um "oooh flooor" que lhe vem do fundo da garganta, assim sentido e a passar pelo coração+pacemaker. Não tem preferências pelo Benfica nem pelo Sporting, até adormece a ver os jogos, e diz sempre o resultado errado quando a minha avó pergunta. Tem uma caneca de adereço de onde copiou o ditado, escrito à mão, para todos os copos por onde bebe: "Tinto ou Branco? Cheio!". O meu avô não se irrita com a política. Acha que são todos um "bando de cachopada" e que os telejornais são uma treta. Ainda assim, aproveita quando a minha avó se distrai comovida a ver as notícias de crimes para "roubar" pêssegos do cesto da fruta ou bocados de queijo, de uma das mil caixas herméticas para frigorífico que há por lá. Para o meu avô, crise foi quando passou a "Terra Nostra": a minha avó foi tomada pelo acesso das massas, reduzindo drasticamente nas batatas e no arroz. Era sempre macarrão - e ele não gosta porque isso não é português. Chegou-se a temer a depressão, eu e o meu primo demos-lhe a alcunha de "Macarrone" para o ver barafustar ainda mais. Era engraçado, um ralhar misturado com lamento, uma coisa pachorrenta de quem perdeu autoridade na cozinha. Mas também é forte. Fazia-me sempre rir quando alinhava nozes numa fila indiana e as partia à mão, com um murro seco ou uma palmada bem aplicada contra a mesa. Quando está calor veste aquelas coisas brancas de manga cava, enfiadas por dentro das calças. Tem sempre uma boina e no Inverno umas pantufas novas que a minha avó compra. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quando foi operado (uma das vezes) fui visitá-lo ao hospital, numa tarde em que ainda não tinha aparecido ninguém. Chamou-me flor e fez inveja aos colegas de quarto: é a minha neta que me veio ver. Levei-lhe um jornal, ele agradeceu e fingiu que leu um bocado. Perguntei-lhe se estava melhor, sem dores pelo menos, e respondeu-me que estava sim, só que muito aborrecido. E que não se dorme bem naquelas camas altas. Quis logo saber da Clara (a minha avó), se tinha passado bem e a que horas vinha. Fez contas pelo relógio e pediu-me que à saída chamasse as meninas enfermeiras para o ajudarem a compor o "balseiro" onde o enfiaram. E que lhe dessem o robe, senão ela ralhava por ele andar desagasalhado. Recuperou em casa, muito mais animado com as sopas caseiras e o controlo fechado da Clarita. Desde há uns tempos, desconfio que virou budista. Enfia-se numa meditação para dentro, como se estivesse a fazer contas de cabeça. Deixa a minha avó dominar as conversas todas e nem a interrompe quando começa a divagar e a demorar toda a gente. Ontem, à mesa do aniversário, tios e tias e primas enrolavam-se nas conversas da crise e da sobretaxa do IMI. Ele ia comendo camarões e fanando profiteroles às escondidas. Só abriu a boca quando lhe pousaram o bolo à frente e, por cima do silêncio respeitoso que se faz sempre que ele vai falar, perguntou: "Quem é o responsável por este bolo?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKV7zjAJ_LYZkGm-0oBAiWFe4CUp6nnguCoaojlbgcjp2XIlozZKAP4qMGIDomG83S-WeE5ADIdr1K8dU-KpH8jF6CcXQRLyXAUIXMb3dd4qtF-oShu4xilyzgPXZcHDsPcoBVA-t1K2oD/s1600/121005-1847.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKV7zjAJ_LYZkGm-0oBAiWFe4CUp6nnguCoaojlbgcjp2XIlozZKAP4qMGIDomG83S-WeE5ADIdr1K8dU-KpH8jF6CcXQRLyXAUIXMb3dd4qtF-oShu4xilyzgPXZcHDsPcoBVA-t1K2oD/s400/121005-1847.jpg" width="400" /> </a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
"Que é isto? Parabéns Mário?? Já não é SENHOR Mário porquê? Chegámos à Madeira?! Omessa!" Isto tudo enquanto piscava o olho e se preparava para ser um miúdo malandro outra vez - e a minha avó envergonhada com estes disparates, "És pior que as crianças!". Depois consentiu que se acendessem as velas e cantou à sua maneira, com um <i>ralentando</i> puxado no final, um ritmo lento e portentoso de um fado à moda antiga. Brindou (sempre a penaltie) e rematou dizendo que "está uma crise tão grande que só lhe dão água". O meu avô é assim, não quer saber das bandeiras do avesso nem das sobretaxas de tudo e mais alguma coisa. É um feliz e pacato Mário, se não lhe roubarem o título de Senhor; Senhor Mário. </div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-2913986364852749112012-08-14T22:44:00.003+01:002012-08-14T22:44:58.762+01:00é fácil.<div style="text-align: justify;">
Um destes dias mando-me aos cadernos e começo a escrever. Ainda não é hoje, desculpa-me se estás à espera. É que a escrita é difícil, e tu não.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/tc5G99cWSDc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
" porque el amor es fácil, y así hay que vivirlo; y aunque queramos ver
dificultades, no las hay; aunque nos llegue en el momento mas extraño y
con la persona mas inesperada; la manera de poder ser felices es tener
el valor para vivir"
</div>
odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-18697291158625699822012-07-31T03:26:00.005+01:002013-02-22T01:01:02.652+00:00o poema da verdade.<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
<span style="color: #eeeeee;">(fui roubar palavras.)</span></div>
<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
<span style="color: #eeeeee;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
<span style="color: #eeeeee;"><span class="conteudo">prometo ser-te fiel se mo fores
<br />
também, não é certo que mo venhas a
<br />
ser. por isso, já to perdoo
<br />
<br />
prefiro partir assim para o resto da
<br />
vida. assim, com os olhos abertos à
<br />
frustração e talvez à vulnerabilidade
<br />
<br />
não prevejo nada em concreto, acredita,
<br />
não tenho olhos para outras moças,
<br />
só o digo assim por ser verdade
<br />
<br />
que tarde ou cedo havemos de encontrar
<br />
nos outros motivos de inusitado
<br />
interesse, e depois, pergunto,
<br />
<br />
vale mais que acordemos um amor
<br />
sobreposto ao futuro, um amor agora
<br />
que tenha conhecimento do futuro
<br />
<br />
e não esperar mais nada senão
<br />
a verdade. a decadente verdade que
<br />
chega já depois dos primeiros beijos.</span></span></div>
<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
<span style="color: #eeeeee;"><br /></span></div>
<span style="color: #eeeeee;"><span class="conteudo"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Valter Hugo Mãe, in Contabilidade</span></span></span>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-74233261352994852012012-07-27T16:56:00.000+01:002012-07-27T16:56:16.269+01:00#1Disse alguém muito sábio: "Sê paciente e serás feliz. Mas confesso que estou farta de ser paciente." Obrigada, o teu anonimato é bonito e já me ganhou o dia.odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-83208335918476359542012-07-27T16:25:00.002+01:002012-07-27T16:26:18.416+01:00and in that moment.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3oj5YBl3oJRQx6ivj_ZapQKNkheaEZG0Ub2px0gYHFxwV1zzd45xm0EB2w8Y34TmxZQKMLOCMtS67pWydhCm1fwOjbk9pFo9qrSoDTd-ROmShBTtkvO6s2tCZE4TxH_EzEDU87ORuawCB/s1600/tumblr_lutw4uK2g51qcnua2o1_500_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="125" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3oj5YBl3oJRQx6ivj_ZapQKNkheaEZG0Ub2px0gYHFxwV1zzd45xm0EB2w8Y34TmxZQKMLOCMtS67pWydhCm1fwOjbk9pFo9qrSoDTd-ROmShBTtkvO6s2tCZE4TxH_EzEDU87ORuawCB/s400/tumblr_lutw4uK2g51qcnua2o1_500_large.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Não entendia porque é que "desejar" é sinónimo de "procurar". Mas até faz algum sentido, percebe-se. E a verdade é que te procurei, num sentido muito geral e sem saber quem eras. Encontrei-te, quase tropecei em ti. O desejo veio depois, quando não soube interpretar essa vontade crescente, gigante, de te procurar melhor. Quando ainda era tudo feito aos tropeções, sem nenhum conhecimento de causa. Sem nenhum passado que me dissesse quem éramos. Naquela altura bonita em que não era preciso enfiar-te (a ti e a mim) numa categoria apertada, quando eu podia traduzir-te numa palavra começada por A. Hoje ainda fazes parte de tudo. És como um trailer de todos os filmes que vejo, e nos que vivo há sempre um deixa que é tua - que<i> foi</i> tua. Em nada és inocente, em nada deixas de existir. Em tudo o que é escondido. Marcas na pele, botas pretas de cano alto e aquelas músicas que nunca conseguimos partilhar. <i>Não se ama alguém que não ouve a mesma canção.</i></div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-81946331483290387182012-07-25T03:18:00.000+01:002012-08-06T00:00:36.728+01:00ser fraca<div style="font-weight: normal;">
<span style="font-size: x-small;">AVISO: se nunca ouvi falar deste assunto, ignore tudo o que segue pois a compreensão errada dos factos poderá conduzir a conclusões disparatadas. </span></div>
<div style="text-align: center;">
___________________________________________</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Comecemos pela definição de um dicionário online.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"> </span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="dolCatgramAceps"><tbody>
<tr><td class="dolAcepsNum" valign="top"><br />
<div class="MsoNoSpacing">
<b>fraco</b></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<i>adjetivo</i></div>
<div class="MsoNoSpacing">
1. que não tem força; que não tem energia física; débil</div>
<div class="MsoNoSpacing">
2. franzino; sem robustez</div>
<div class="MsoNoSpacing">
3. que não tem força de vontade; que se deixa abater com
facilidade</div>
<div class="MsoNoSpacing">
4. cobarde; pusilânime</div>
<div class="MsoNoSpacing">
5. frouxo; brando</div>
<div class="MsoNoSpacing">
6. pouco consistente; pouco resistente</div>
<div class="MsoNoSpacing">
7. influenciável; pouco firme</div>
<div class="MsoNoSpacing">
8. que erra facilmente</div>
<div class="MsoNoSpacing">
9. que sabe pouco sobre algo; que não domina um assunto
ou matéria</div>
<div class="MsoNoSpacing">
10. pouco intenso; pouco ativo</div>
<div class="MsoNoSpacing">
11. pouco significativo; insuficiente; medíocre; mau</div>
</td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td><td><br /></td></tr>
</tbody></table>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="dolCatgramAceps"><tbody>
<tr><td class="dolAcepsNum" valign="top"><br /></td><td><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">Sei que não vieste aqui para ler esta definição, claro, isto é o que podes encontrar no google em 30 segundos de pesquisa. O que te interessa é outra definição (a minha?). A explicação de uma teoria que levou três anos a desenvolver-se, uma tese, um tratado que escrevi mentalmente e ao qual adicionei provas factuais sempre que tal se proporcionou - tantas e tantas vezes, há testemunhas! Então, para que não haja mal-entendidos nem problemas de expressão, tentarei explicar-me como se tivesses 2 anos, ou 3. Usaremos um sistemas básico de pontuação, como fazem as revistas de adolescentes, e no final me dirás se (como desconfio) és fraca ou (raro, raríssimo) não és. Let the games begin! <u>Ser fraca é:</u></span><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">1. Duvidar (2pontos)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">Começamos por um aspecto complicado. Calculo que estejas já a <i>duvidar</i> de mim e da seriedade da minha teoria - o que, à partida, não faz de ti fraca mas apenas esperta. Este primeiro ponto do esquema não deve ser entendido num sentido literal do termo, mas abrindo os horizontes da dúvida para uma constatação muito simples: uma fraca não sabe o que quer, e tem medo do que possa encontrar. Seja essa indecisão verdadeira ou falsa - claro que no primeiro caso não é tão grave (poderá apenas ser infantil) mas pode esconder, se for falsa, a negação daquilo que, afinal, sempre se soube. O que nos leva para um segundo ponto. </span><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"> </span><br />
<span class=""><span class=""><span class="">
</span></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">2. Não assumir (2pontos)</span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">É o comportamento típico quando aquilo que se sabe não é o que se gostaria de saber. A reacção pública desta escolha é quase tão discreta como seria um elefante a dançar num nenúfar. Facilmente detectável, mais para uns (os que têm o <i>dom</i>) que para outros, requer excelente arte de dramatização e pode transformar tecido cerebral viável em gelatina de tuti-fruti. Apenas um bom mestre poderá tentar manter o elefante ao cimo da água mas, mesmo assim, não deixará de sentir o peso e acabará por afundar. Todos afundam, é uma questão de dias - ou de anos.</span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">3. Trair (3pontos)</span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição">Ah, o grande golpe. É banal e pode ser repetido mais que uma vez, recorrendo à originalidade do artista. Poderia escrever um livro sobre o tanto que já vi ser feito nesta área. Há quem recorra aos ex- e quem crie falsos "futuros", se bem que o prémio final vai para as grandes artistas que conseguem conjugar passado-presente-e-futuro no mesmo lugar e à mesma hora. Coincidências. É muito feio e condenável enfiar um chapéu de vaca em cabeça alheia.</span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<div style="padding-left: 12px;">
<span class=""><span class=""><span class=""><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"></span></span></span></span></div>
<span class=""><span class=""><span class="">
</span></span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
4. Sofrer de gula (2pontos)</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span>O que se relaciona com o ponto anterior. Porque a relva é sempre mais verde do outro lado da cerca, há muito animal de quinta que não consegue controlar o seu pastoreio. Nem Deus nem o celebrante de um casamento civil (desculpem-me que não sei o nome técnico do individuo que realiza o acto) tiram a visão aos noivos quando os declaram solenemente casados.. mas também não posso concordar inteiramente com os que dizem que olhar e pensar não contam como apetite. "Comer com os olhos" é sofrer de gula, se não fosse não se diria "comer". <span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
5. Causar inveja (1ponto)<span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
A felicidade é incómoda para quem não a vive - não me incluo neste lote, seja claro! Mas sei de fonte segura (é o que me dizem) que a inveja é um sentimento podre que corrompe o organismo todo. Há relatos de criaturas com estados febris causados por ver que outros têm o que se deseja mais. E, claro como água (ou vodka, que é igualmente transparente), a inveja é coisa de evitar. Traduz uma guerrilha infantil de miúdas que arrancam cabelos para brincar com uma única Barbie. Se são duas e só há uma, e se partilhar estiver fora de questão, há que aprender a viver com a vitória ou com a derrota. Esta última é mais amarga, mas é melhor procurar outro favo onde haja mel do que viver constantemente com o ferrão da abelha-rainha espetado em parte incerta. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Fiquem com o sistema de pontuações.</div>
<div style="text-align: justify;">
0-1: Não és fraca, és feliz.</div>
<div style="text-align: justify;">
2-4: Aprendiz</div>
<div style="text-align: justify;">
5-6: Estagiária</div>
<div style="text-align: justify;">
7-8: Profissional</div>
<div style="text-align: justify;">
9-10: Rainha</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
E chegamos ao fim, caros amigos e amigas. Agora sim, digam-me que sou idiota porque levei anos a compilar estas verdades tão banais. É um facto, não tenho nada com que argumentar. Mas, não fosse eu, os vossos fins de tarde e de noite não teriam assuntos interessantes para debater! Feliz por contribuir, continuarei disponível para esclarecimentos adicionais.<span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<div style="padding-left: 12px;">
<span class=""><span class=""><span class=""><br /></span></span></span></div>
<span class=""><span class=""><span class="">
</span></span></span></div>
<span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<div style="padding-left: 12px;">
<span class=""><span class=""><span class=""><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"></span></span></span></span></div>
<span class=""><span class=""><span class="">
</span></span></span><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""><span class=""></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-77961693698705880362012-07-25T02:18:00.000+01:002012-07-25T03:18:07.387+01:00Princesinha(sinto necessidade de deixar um esclarecimento prévio, pois nada do que se segue te diz respeito; nada tem que ver contigo, nada foi inspirado no que me ensinaste, nada te pertence nem te está associado; qualquer semelhança será obra do acaso, a mais pura das coincidências)odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-6256386314523510322012-07-12T01:35:00.001+01:002012-07-12T02:09:58.478+01:00continuação.(Não é artifício de escrita, isto é mesmo uma continuação e devia ler primeiro o post anterior).<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgB-Ul-amiUcvYRkscXGsdXg_CRLSadcyStm3u8Z6MCs80_PkUet1F_ZlIYOjcwKa_uaLT_JVxV6eXDlumUFzfeQ-4tdc9gP-4E7WvyfVgSavedS8y4v1n_2EDK0Iyct6jgAFKv0j-kErt/s1600/praia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgB-Ul-amiUcvYRkscXGsdXg_CRLSadcyStm3u8Z6MCs80_PkUet1F_ZlIYOjcwKa_uaLT_JVxV6eXDlumUFzfeQ-4tdc9gP-4E7WvyfVgSavedS8y4v1n_2EDK0Iyct6jgAFKv0j-kErt/s400/praia.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Já o calor é um caso mais sério. A verdade é que facilmente me aborrece, rouba-me toda e qualquer pequenina vontade de pegar numa história e passar para o papel. Não consigo escrever ao sol, este ano nem tentei. Nestes meses desgraçados o corpo só pede coca-cola com gelo e limão, ou café com gelo, ou Beirão com gelo e limão (seja espremido, com casca ou sem). Ou pior, pede martinis que, em número superior a dois, dão início de uma tormenta de calores internos que supera as marcas do bronze nas costas. Também é facto, e não menosprezado, que uma boa esplanada (como essa, que tenho a honra de frequentar) é sempre um espaço criativo em pleno: a música é de excelente qualidade (ainda hoje correu o cd da Joss Stone, gravado ao vivo num sítio qualquer), a bebida é fresca, costuma haver uma aragem passageira, e o gerente/funcionário do espaço é de um charme apenas comparável ao do Martini-Man, Mrs Clooney. Mas lá está, mais me ajuda este raciocínio, é disto que me aborreço. Está sempre por ali um bom conjunto de gente que dava uma boa história (gente que tem, digo eu, boas histórias). Mas o abrasado do calor só me dá para barrar protector solar, factor 30, em tudo quanto é pele exposta, nunca para agarrar uma caneta e divagar. Nunca. E agora, se escrevo, não se iludam, é apenas porque tenho o quarto climatizado a 18 graus. Estou de pijama e robe de inverno, com gorro na cabeça e meias nos pés. É o que digo, o calor não favorece o artista, muito menos a miúda que quer escrever para ganhar a vida. E que seja uma dessas confortáveis, que vá permitindo, nos intervalos destas tardes solarengas, ir num avião low cost tomar um café em malga xl a um sítio frio e distante. Ou, já que compensa, beber uma dessas cervejas que cheira à broa de milho da padaria da vila. </div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-43951604002655522172012-07-12T01:33:00.001+01:002012-07-12T14:08:17.097+01:00o orgulho e uma cerveja.<div style="text-align: justify;">
Numa terra fria e distante há um bar maravilhoso. Eu, desentendida do dialecto local, não percebi o nome inscrito, em letra velha, acima da porta e janela. Nem sabia, aliás, pronunciar tais palavras. Foi só com o google tradutor que, meses depois, soube que estive no "Orgulho da Margarida" ou na "Margarida orgulhosa" - nunca fiando nessas traduções fracas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9LqoEeSOz449MdFhervA1Bsm6qseZgngKPxbW5gNO6NCgIYsIapgcS8E3KBhewiz6G_oPmC1U3It799Pb-k1qU5gpnGuGGNmOMPn7PyKaPr5MpLtSE-7vbKkaB9JZNO3vDpxPonJmgOhQ/s1600/DSC05458.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9LqoEeSOz449MdFhervA1Bsm6qseZgngKPxbW5gNO6NCgIYsIapgcS8E3KBhewiz6G_oPmC1U3It799Pb-k1qU5gpnGuGGNmOMPn7PyKaPr5MpLtSE-7vbKkaB9JZNO3vDpxPonJmgOhQ/s320/DSC05458.JPG" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas voltando ao bar, entrem. É uma espécie de pub, muito ao estilo das terras frias e distantes, onde se servem cafés em pequenos tabuleiros com bolachas, fatias de bolo, chocolate, natas e açúcar. O café em si, claro, é péssimo e a chávena é do tamanho de uma taça do caldo verde. As bolachas ou o bolo são sempre melhores, e o chocolate (ou nougat) é delicioso. Neste bar, como noutros que lhe são vizinhos, o café é tão caro que sempre compensa beber uma cerveja. Há uma lista, numa capa de folhas plásticas como as da escola, com nomes e indicações que não se entendem. A escolha segue a linha dos números da lotaria, só que o retorno da aposta é tendencialmente mais agradável. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtImr36Y8af3HBfyQAOFhyun7LFMOVxNoUbfuuj1_wafAA3z3VyEQhv2ySTH1VMvLwa9Cgo0Nu0fd5RpjIhRxjxZSE36gbBsBZIHj3czB_4wKdcp_xZ0uqX0bDlIS6prOmr5w921lzpz_6/s1600/DSC05488.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtImr36Y8af3HBfyQAOFhyun7LFMOVxNoUbfuuj1_wafAA3z3VyEQhv2ySTH1VMvLwa9Cgo0Nu0fd5RpjIhRxjxZSE36gbBsBZIHj3czB_4wKdcp_xZ0uqX0bDlIS6prOmr5w921lzpz_6/s320/DSC05488.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Há bebidas destas que sabem a cerejas e outras que sabem a pão frio, com espuma branca. Dos mil sabores da lista percebem-se (a custo) as frutas: pêssego, maçã e uma outra que se podia jurar ser de uva. São sempre muitos frias e depois muito quentes, quando dentro do corpo. O que é bom porque ajuda a superar o grau zero que corta as ruas e nos vem bater nas esquinas, quando há vento. </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMsT3QgZ-NktbL5SyVVn6DHwHX1sKkSGgCAW8qQ8D2Xd4YVEzo-mmWwyUz_LMHsr4PbPfTljTYrxc1m34W-srBqe9hiyb1oyJ98tiLcZlxuo8X5-z1knptBG-cifD5UARaLyAGq0TgyKip/s1600/DSC05520.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMsT3QgZ-NktbL5SyVVn6DHwHX1sKkSGgCAW8qQ8D2Xd4YVEzo-mmWwyUz_LMHsr4PbPfTljTYrxc1m34W-srBqe9hiyb1oyJ98tiLcZlxuo8X5-z1knptBG-cifD5UARaLyAGq0TgyKip/s320/DSC05520.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Foi ali, precisamente no lugar que está vago da minha ausência, que comecei a escrever uma história com a ganância idiota de um dia ganhar um prémio e muito dinheiro. Sempre achei que o frio me estimula as ideias, como se me encasulasse o corpo todo para o cérebro (e outros órgãos criativos). É no frio que nunca me dá para cometer disparates, pois é-me mais confortável o calor artificial de uma boa manta Quechua. Mais se acrescenta que é nos meses de inverno rigoroso que o consumo dessas bebidas me agradava particularmente, uma vez que o corpo não desata a produzir hormonas e suores, direccionando tudo para uma excitação cerebral - que, agradeço, me deu já umas quantas ideias.<br />
<br />
(nota: continua...)</div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-27742359934033618502012-06-22T22:45:00.003+01:002012-07-12T02:09:53.256+01:00parte2, ano4<div style="text-align: justify;">
Arrasto os pés pelas escadas e sinto o buraco negro gigantesco, resultado da conversa fria, a formar-se na cabeça. Fungo, elas lá vêm. No último degrau vai ficar a marca da confusão pequenina que o negro ainda não apagou. Naquele espaço partilhado não se pode partilhar mais que o necessário, há que resistir a grandes demonstrações dos sentidos. Fungo, aquele barulho com o nariz que os miúdos fazem quando estão constipados ou quando querem coisas que estão na prateleira mais alta. Acabam as escadas, o tapete cola-se aos chinelos e faz-se num novelo que chuto para longe, para trás. A porta ficou encostada e o candeeiro aceso, o ar fresco da climatização agita-se numa onda quando a porta fecha, suave, nas minhas costas. Um último fungar, enquanto deixo cair os papéis agrafados da minha organização, de todo um curriculum a pedir estudos internacionais. O buraco negro dissipa, devolve-me tudo o que levei até ao primeiro degrau da escada de madeira, que estala cada vez mais. Escorrego para o cadeirão cinzento, enrolo-me como um bicho e fico com a certeza de ter feito asneira. Aquele arrependimento imediato de quem põe a esperança no sítio errado. Um engano traiçoeiro, certeiro e que estava arrumado a um canto, entalado de esperança como uma ilha minúscula no meio do mar. Essa esperança vadia, quando foge sem pedir autorização, faz tudo desabar. A certeza do engano, a grande ilusão, essa é que custa. Há logo mais mil ideias pequeninas, sacanas, que correm a provar que tem razão, que bem avisaram. Depois imagens, caras conhecidas, que dizem "eu fico" e que dizem "para mim acabou, é o fim, Mariana". Tudo a mudar, tudo no mesmo sítio - e eu nunca percebo estas coisas, estas pessoas e eu. </div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-16393639637289042172012-05-13T23:18:00.000+01:002012-05-13T23:18:46.900+01:00Mais encanto.<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Dizem que é na hora
da despedida que Coimbra tem mais encanto. Que há, nesta cidade, qualquer coisa
que não volta, que voou. Que há um rio que tem todo o brilho da cidade, há
capas aos ombros e saudades nos olhos. Dizem, disseram-nos durante três anos. Tentámos
acreditar, é verdade, aprendemos a dizer adeus e a viver com a saudade.
Aprendemos a conviver com os colegas, a que passámos a chamar amigos;
aprendemos a conviver com a cidade, a que passámos a chamar casa. E, quando
pensamos bem, são estas as duas lições que deviam valer mais.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lembram-se do dia em que chegaram?
Eu tive medo, confesso. Recordo que havia muitas Capas e Batinas, que esperámos
debaixo de um sol muito quente e que alguém fez discursos que não fizeram
sentido. Recebemos t-shirts e hinos e fomos convocados para a Praxe. Éramos uns
miúdos, saídos do liceu, não sabíamos lidar com os power points acelerados do
Ensino Superior, com os exames em duas fases nem com os anfiteatros de madeira
que caem a pique até ao professor. Depois acabou o primeiro ano e pensámos que
era o fim, de tudo. Mas então vestimos de negro, traçámo-nos em abraços e em
famílias. Não era o fim, era só outro começo. </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No ano passado, começámos a sonhar
com um Carro. Começámos também a perceber que não era tudo fácil, tivemos de
nos despedir de colegas que tinham sonhos iguais aos nossos – e ninguém nos
ensinou a fazer isso. As bolsas, as políticas, às vezes uma nova vida. Mas
ainda não foi o fim, ainda não acabou. Nas letras, passámos da teoria à
prática, pediam-nos notícias e noticiários. Trabalhos de grupo, apresentações
orais… e nós queríamos faltar às aulas, queríamos tanto ser rebeldes!
Trocávamos a noite pelo dia e íamos pelas ruas em grupos e em Trupes, às
cantigas e às tascas, à Alta e á Baixa. Jantares, Latada e Queima. E depois o
ciclo termina sempre com exames, uma espécie de corda ao pescoço como a que tem
o D. Dinis. </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mais um passo, pequeno, e já nos
chamam finalistas. Saltamos etapas porque Bolonha mandou. Está a acabar,
percebem? Acreditam? Agora é oficial, não somos os miúdos que chegaram a
Coimbra cheios de malas e de vontades. Somos os outros, os que deixam Coimbra
porque chega a hora. Os que vão querer voltar e não vão querer esquecer. Somos
o terceiro ano de Jornalismo, os fitados 2009/2012. Somos o “Inimigo Púbico”,
as Miguitas, os Rijos, as Erasmus, as Rosinhas e a Tertúlia que nunca existiu.
Somos o 27! Somos tudo o que não consigo (ou que não posso!) dizer nesta
página; as fotografias que levamos para recordar, o choro de uma balada, a
alegria das nossas festas e as lágrimas que enchem o rio. Por sermos assim, e
não apenas por estar a acabar, posso dizer, e sei que me acompanham: ainda bem
que eu entrei no meu ano!</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mariana Pardal</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Presidente da
Comissão de Carro 09/12</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">P.s. Peço desculpa
por não mencionar cada um dos elementos desta Comissão, mas sinto que há que
destacar as tesoureiras Sílvia e Flaviana, pelo trabalho incansável, pelas
contas certas e pela disponibilidade total.</span></div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-57287409475939074922012-03-19T01:29:00.002+00:002012-03-19T02:08:31.775+00:00Pretérito.<div style="text-align: justify;">Encontrei uma caixa de cds velhos. "Escolhas Musicais de 2007", por exemplo, a abrir com uma faixa pavorosa do Luís Represas. E o meu vício também antigo de dar nomes como "Várias", "Várias 1" e "Várias 2" às colectâneas não autorizadas de músicas obtidas por meios duvidosos. Na pilha de pérolas resgatei o oficial dos Morangos com Açúcar, 3ª temporada, série de Verão - com o genérico do Ménito Ramos, um sonho. Pelo meio de outras capas não identificadas encontrei a Norah Jones, já dentro do carro. Que merda. Gastei 10€ em 'sem chumbo 95' para fazer piscinas na avenida, de rotunda em rotunda. Arriscando um fuga rápida até aos semáforos que levam à estrada da Figueira, recuando pela rua apertada no meio dos campos de arroz, com vista para o castelo. Foi uma noite triste, uma coisa estúpida que não queiras saber. Subi a ladeira e parei no parque do castelo, fiquei até um casal de pombos vir reclamar o espaço mal iluminado, propício e famoso para umas aventuras. Desci até à beira-rio, onde descobri indivíduos encasacados a trocar sinais de luzes e saquinhos de plástico. Merda. Já não se pode estar em lado nenhum. Estacionei no parque da Igreja, baixei o volume do rádio e consegui ouvir as senhoras do coro e a pianola fora de tempo, lenta, arrastada e enrolada com o eco das pedras. 9ª Estação, Jesus cai pela terceira vez. E cânticos, leituras que não se conseguem ouvir. E eu farta de cair, mais que três vezes, tenho uma habilidade natural (é um dom) para tropeçar. Coisas grandes, quedas intensas e de ficar com as costas de lado, incapaz de um braço ou de uma perna. Pior que isso, tu. Todos os modos verbais do pretérito, todas as Escolhas de 2007. Todos os pequenos sinais, o teu jeito de infiltração que ainda se esconde em caixas de cds velhos, como bombas não identificadas e prontas a rebentar. É como jogar ao Minesweeper, só que sempre. 24/7. E um grande silêncio, agora, uma inexistência absoluta. Daquelas limpezas que não se pode fazer nos computadores, porque tudo deixa rasto. Contigo não, nada. Se eu não soubesse, se não fossem os cds de outros anos lectivos, podia jurar que tinha sonhado. E que o mal das costas era só resultado de uma posição errada durante o sono. Se eu não soubesse, jurava que nunca tínhamos sido, que a música nunca tinha tocado.<br /></div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-2622064453510575542012-02-27T00:28:00.004+00:002012-02-27T00:52:54.200+00:00senhor primeiro-ministro,<div style="text-align: justify;">tenho o quarto todo desarrumado, sabe? E é um quarto bonito, não é muito espaçoso mas tem uma janela que dá para a rua e, para entrar, é logo a primeira porta à esquerda. Mesmo assim, deixei que o entulho crescesse como as silvas, tenho tudo espalhado por todo o lado. Às vezes, quando chega a sexta-feira já só um perito das minas e armadilhas consegue fazer o meio-metro que separa a cama da porta, ou o armário da secretária. As coisas estão todas perto umas das outras, é essa a única facilidade.<br />Isto aqui não é como em casa, aqui é uma balbúrdia. Lá estão os cobertores bem alinhados, com cores a condizer. As paredes branquinhas como se quer, a bater com os cortinados e os tapetes e os edredons. Se um tem riscas, o outro não pode ter. Aqui não, é tudo malhado, uns traços a bater nos outros. E lençóis daquela cor da escola básica (quando não se podia dizer vermelho) com mantas do FCP. O mural do facebook espetado na parede com post-its amarelos, mais uns posters fanados de um sítio qualquer.<br />A comédia que aqui tem lugar é de tal ordem que eu tremo toda quando a mãe estica a cabeça cá para dentro. Se ela visse, jesus! Fazia cá falta para me arrumar isto, nem que fosse só para me dar a ordem. Uma daquelas perguntas lixadas, a que eu nunca respondo. "Mariana, já arrumaste o teu quarto?". Caraças, ainda não.<br />Senhor ministro, olhe que a minha mãe faz falta ao país.<br /></div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2810695128995263076.post-62151468249578847112012-01-10T20:46:00.003+00:002012-01-10T21:06:58.661+00:00your mission, should you choose to accept it<div style="text-align: justify;">Se ninguém ficar escandalizado, posso dizer que este blog nasceu de um ménage. Foi uma sex-party entre a necessidade de expressão, a falta de escrita do currículo escolar e a falta de tempo da minha vida de teen atarefada. Se hoje não escrevo com a mesma regularidade de há uns anos (obrigado por notarem) é porque o registo do "diário" deixou de me satisfazer. Aqui, passou-se do tempo das curtes às escondidas para as cenas de anel do dedo - ou fitinha no pulso, que significa o mesmo de uma maneira muito mais discreta. Além disso, esses três participantes partiram há muito para outras festinhas e deixaram de fazer sentido na vida deste puto, que se emancipou. O blog está mudado. Só se mantém as cores porque sempre fui melhor a brincar aos polícias e ladrões que aos designers e estilistas. Mais, agora tenho mesmo que escrever. E não é sobre pessoas que vi no autocarro. São textos grandes, maçadores, de mil-e-mil caracteres. É por isso que estou sem palavras para aqui. As que sobram dessas escrituras vou guardando numa caixinha (como o Pessoa guardava as pedras do caminho). A missão para essas palavras-rejeitadas é de imensa responsabilidade. Serei capaz de escrever um romance de 5.000€? Vi o filme do Cruise e ganhei um euro nas raspadinhas da Santa Casa, tudo parece possível.</div>odeioervilhashttp://www.blogger.com/profile/08159314783789912407noreply@blogger.com7