Dizem que é na hora
da despedida que Coimbra tem mais encanto. Que há, nesta cidade, qualquer coisa
que não volta, que voou. Que há um rio que tem todo o brilho da cidade, há
capas aos ombros e saudades nos olhos. Dizem, disseram-nos durante três anos. Tentámos
acreditar, é verdade, aprendemos a dizer adeus e a viver com a saudade.
Aprendemos a conviver com os colegas, a que passámos a chamar amigos;
aprendemos a conviver com a cidade, a que passámos a chamar casa. E, quando
pensamos bem, são estas as duas lições que deviam valer mais.
Lembram-se do dia em que chegaram?
Eu tive medo, confesso. Recordo que havia muitas Capas e Batinas, que esperámos
debaixo de um sol muito quente e que alguém fez discursos que não fizeram
sentido. Recebemos t-shirts e hinos e fomos convocados para a Praxe. Éramos uns
miúdos, saídos do liceu, não sabíamos lidar com os power points acelerados do
Ensino Superior, com os exames em duas fases nem com os anfiteatros de madeira
que caem a pique até ao professor. Depois acabou o primeiro ano e pensámos que
era o fim, de tudo. Mas então vestimos de negro, traçámo-nos em abraços e em
famílias. Não era o fim, era só outro começo.
No ano passado, começámos a sonhar
com um Carro. Começámos também a perceber que não era tudo fácil, tivemos de
nos despedir de colegas que tinham sonhos iguais aos nossos – e ninguém nos
ensinou a fazer isso. As bolsas, as políticas, às vezes uma nova vida. Mas
ainda não foi o fim, ainda não acabou. Nas letras, passámos da teoria à
prática, pediam-nos notícias e noticiários. Trabalhos de grupo, apresentações
orais… e nós queríamos faltar às aulas, queríamos tanto ser rebeldes!
Trocávamos a noite pelo dia e íamos pelas ruas em grupos e em Trupes, às
cantigas e às tascas, à Alta e á Baixa. Jantares, Latada e Queima. E depois o
ciclo termina sempre com exames, uma espécie de corda ao pescoço como a que tem
o D. Dinis.
Mais um passo, pequeno, e já nos
chamam finalistas. Saltamos etapas porque Bolonha mandou. Está a acabar,
percebem? Acreditam? Agora é oficial, não somos os miúdos que chegaram a
Coimbra cheios de malas e de vontades. Somos os outros, os que deixam Coimbra
porque chega a hora. Os que vão querer voltar e não vão querer esquecer. Somos
o terceiro ano de Jornalismo, os fitados 2009/2012. Somos o “Inimigo Púbico”,
as Miguitas, os Rijos, as Erasmus, as Rosinhas e a Tertúlia que nunca existiu.
Somos o 27! Somos tudo o que não consigo (ou que não posso!) dizer nesta
página; as fotografias que levamos para recordar, o choro de uma balada, a
alegria das nossas festas e as lágrimas que enchem o rio. Por sermos assim, e
não apenas por estar a acabar, posso dizer, e sei que me acompanham: ainda bem
que eu entrei no meu ano!
Mariana Pardal
Presidente da
Comissão de Carro 09/12
P.s. Peço desculpa
por não mencionar cada um dos elementos desta Comissão, mas sinto que há que
destacar as tesoureiras Sílvia e Flaviana, pelo trabalho incansável, pelas
contas certas e pela disponibilidade total.