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sábado, 28 de dezembro de 2013

não há palavras.

Fico mais vezes muda do que gostaria. Eu, para minha vergonha, formada numa faculdade de Letras, acabo irremediavelmente a perdê-las (e o sentido da tese, o que me aumenta a desgraça) quando me distraio e me descontraio a ouvir um bom fado. Não um qualquer, nem um que não lhe seja digno de nome. Um em particular, o Fado na voz que prefiro entre todas. Este novo fado que já devorei mais que os doces de Natal, que sabe melhor que os Ferreros e os Rafaellos - juntos e multiplicados. Tão inexplicavelmente bom e igualmente impossível de apanhar. É para sentir com os olhos fechados, enquanto as palavras do Alegre regressam e se dobram em sentidos.


A origem do fado não importa
Ele é a própria origem ou talvez
D. Pedro coroando Inês já morta
Ou a história escondida atrás da porta
Onde se aninha o medo português

Não procures a origem: ele é a origem
Antes do antes e antes do começo
Como oiro no avesso da fuligem
Ou Lisboa e Pessoa e aquele verso
Onde os sentidos sentem o que fingem

Não procures na história: ele está fora
E estando fora ele é o próprio centro
A hora antes da hora e aquela hora
Onde o dentro está fora e o fora dentro
Do momento que passa e se demora

Não busques noutro lado: ele é aqui
E sendo aqui é sempre o outro lado
O presente e o passado e o nunca achado
País que é e não é dentro de ti
Onde tudo começa e tudo é fado

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Lisboa, Lisboa.

Perdi-me numa autoestrada. Quem é que se perde na autoestrada? Ninguém. Nem eu, normalmente. Mas também passei a primeira portagem com o carro na reserva, fui a rezar até à área de serviço de Monte-Redondo e depois a tentar fotografar as placas com as saídas para Peniche e outros sítios de férias. A porcaria da máquina só atinou já bem depois de Óbidos, onde parámos para comprar uns litros de água fresca. Cada vez mais perto da cidade, quando percebemos que devíamos estar na A1. As frequências do rádio iam enlouquecendo em grunhidos impercetíveis. O carro deslizava pelo alcatrão, todo pomposo com os seus pneus novos - e perdeu-se o tampão de uma roda, algures. Mas depois, mais perto, cada vez mais perto, aparece a sintonia daquela rádio maravilhosa. Já quase a chegar à saída para o aeroporto começa um fado. Uma onda brutal de saudade atravessou-me a tal ponto de abraçar o volante. Queria saltar para fora dos vidros. E o Bruno parvo a olhar para mim (esse filho da mãe que me acompanha sempre nestas aventuras, nunca tem bateria no telemóvel e raramente cumpre horários). Olhava e eu cantava, berrava aquele fado lindo. Maravilhada com tudo, perdi-me nos cortes e nos mil semáforos sempre vermelhos. Seguimos as indicações até Chelas, Olivais, Parque das Nações, FIL. Então sentiu-se um calor morto e abafado, o cansaço e as corridas entre cargas e descargas. Caixas, galinhas, inBags, marca ergue-te por todo o lado. Depois a decoração, e o amigo vitrinista que apareceu a dar dicas. Há também amigas e os seus namorados perfeitos, vizinhos dos stands ao lado e o senhor António que deita o olho às nossas malas, à troca de quando vai comprar uma cerveja nós olharmos pelas suas madeirinhas. Dentro da Feira parece sempre dia, tipo quatro da tarde com sol inclinado. Depois quando se volta a siar à rua já é outro dia, passa da meia-noite e eu à procura das chaves do carro, depois à procura da rotunda e do corte que não posso perder. E às vezes perco, e ando em voltas enormes e complicadas, cidade fora ao som da rádio Amália. E há poucas coisas melhores, por estes dias, que uma rádio que só dá Fado. As saudades (tuas) que eu tinha.

domingo, 7 de novembro de 2010

segunda-feira há vira.

O trabalho de rádio tem as suas vantagens: por ouvir emissões e emissões de 92.0 (Rádio Amália) aparecem algumas pérolas, uns fadinhos jeitosos de se conhecer. Daí a aturar Carminhos e Mísias vai um longo caminho, Jesus! Tenho passado bons momentos a anotar as dedicatórias dos Discos Pedidos - nesta rádio, chamados 'Senhor Fado'. Logo no primeiro dia ligou a Dona Otília que, com 70 anos, prefere ouvir e emissão na internet mas, sempre que sai à rua, leva a Amália no telemóvel porque a filha pôs aquilo de modo que desse. Uns cinco minutos depois, era o Artur "mais conhecido por filho do Chico do peixe" a pedir um fado qualquer. E quando eu pensava que já não havia nada melhor, eis que uma voz de senhora do mercado deixa encomendado o fadinho e avisa que não vai deixar beijinhos para a Elvira Russa porque ela é uma bandidona que a deixou sozinha no outro dia e que no fim-de-semana vai levar porrada! Não há beijinhos nem para essa nem para a outra amiga, só para o bairro da Boavista - "qu'é um ganda bairro!"
E do nada, sem pedido nenhum, aparece a Maria da Nazaré a cantar qualquer coisa como "ser Fadista é dar a mão à saudade (...) ser Fadista é destino que se perdoa / oração à fé de Lisboa / ser Fadista é ser Português". E é quando eu me lembro que a vi ao vivo na Casa de Fado, quando fui a Lisboa - e era uma pessoa financeiramente feliz. Agora, fados só pelo computador (nem pelo telemóvel, como a Dona Otília). O chato é que segunda-feira isto tem de estar pronto. E eu não me importava nada de esticar o prazo, pelo menos mais uns meses.

domingo, 22 de agosto de 2010

Lisboa,

velha cidade, cheia de encanto e beleza.

Fui aos fados, à tourada, perdi-me nas ruelas, calcorriei bairros e bairrinhos, subi à Graça, à Glória e ao Castelo. Quero voltar - haja dinheiro.

as fotografias estão no facebook.

Vou ouvir um fadinho, faz de conta que ainda lá estou.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

lisboa, dos bairros a teus pés.

Amanhã (estupidamente) cedo saímos para Lisboa. A viagem vai planeada de véspera, com itinerários seleccionados, transportes assegurados e dinheiro nos bolsos para museus, fado e café. Ai, vou danar-me em fados, calcorrear Alfama e cantar a Marcha do Castelo - no castelo.

a expectativa está lá em cima.
"anda daí / vem comigo à má vida"

terça-feira, 2 de março de 2010

prioridades

Eu juro que hoje ia escrever um post! Acerca do meu dia, daqueles posts como costumo fazer. Com alguma piada, nada de muito espectacular: queria ficar na cama, depois fui obrigada a sair. Almoçámos as quatro da tarde, depois ficámos na conversa. Seguimos em parvoeira aguda para o Cartola. Fiz borboletas em papel, barcos e chapéus. Jantámos em casa, para poupar dinheiro porque ainda fomos ao cinema. No carro, vimos o papel da multa - de estacionamento. O filme (que já tinha visto três vezes) fez-me rir outra vez, mesmo sendo português.

Mas agora, cheguei a casa e arrumei tudo. Valores mais altos se levantam! Melhor, se alevantam (porque é com ímpeto)!

A RAQUEL TAVARES ESTÁ NOS 5 PARA A MEIA NOITE!!!

GRAÇAS A DEUS, TENHO UMA IRMÃ QUE ME AVISA.

- acaba de dizer que quer "destronar" a Cinha, porque sonha ser rainha da Marcha de Alfama. VOTO JÁ! RAQUEL NAS MARCHAS!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Amália - O filme


A início pensei que fosse mais um filmezeco sopeiro a colocar a Amália num pedestal de divindade Salazarista que me causa uma certa comichão. Por outro lado lembrei-me da bronca que houve da parte da famílica da falecida, que tentou por todos os meios impedir a exibição do filme, argumentando que este continha pormenores "relativos à vida privada, íntima e pessoal de Amália Rodrigues, evidenciando a obsessão da fadista com a morte e abordando a sua tentativa de suicídio." -------> Ena, isso interessa! :)

Na verdade, o filme mostrou uma Amália pragmática e despachada. A verdadeira Amália, turbo diesel e p'rá frentex, muitas vezes desvalorizada pela família, claramente infeliz nos relacionamentos e que, em último recurso, dava de beber à dor (que "é o melhor, já dizia a Mariquinhas!").




Foi um acto de coragem mostrar - pela primeira vez - a mulher por trás do mito. Sem dúvida, uma real pantufada nos rins para aqueles que ainda tinham a fadista ao lado da Virgem Maria, casta e pura. Ah sim, que o filme não perde pitada do seu envolvimento com Francisco Cruz, Eduardo Ricciardi (ainda me ri quando, a uma deixa de Amália - "Ainda agora me conhece e já me quer por as mãos ao bolso" - ele responde todo machão: "Há tantos e tão melhores sítios para se por as mãos!" hahahah) , Ricardo Espírito Santo (o banqueiro casado e pai de família!) e o último marido, por simpatia e conforto, César Seabra. Por outro lado, e como não podia deixar de ser, a maravilhosa banda sonora e o genial enquadramento dos seus fados com o desenrolar da (sua) história.

Destaque ainda para o final do filme... Depois de uma ressurreição no Coliseu dos Recreios quando, sob a fresca Revolução de Abril, cala os insúltos do público que a acusava de ligações ao regime... a cena tão mítica como o "Bond, James Bond", e que considero mais castiça que o "toma" do Zé Povinho...

o seu "Muito Obrigado" (que, em dias de muitas "dores" já saía apenas 'Tó 'brigad')

Para acabar em beleza, aparece no ecrã então preto algo do género: "Dizem que Amália morreu em 1999" e, seguidamente - efeitos movie maker - "ENGANAM-SE". É de mim, ou isto faz lembrar o Elvis Presley? Bem me pareceu... E, muito embora ainda não haja notícias de avistamento numa ilha paradisíaca, a nossa Amália pode muito bem ser considerada o Presley Português!

Em suma, gostei. Aliás, gostei mesmo muito! Finalmente um filme português que não se parece com um filme porno nem com uma novela mexicana atingiu o primeiro lugar na tabela dos mais vistos... se bem que a maioria deva ter saído de lá como a minha avó: "Era uma Senhora, uma Voz!! Mas depois, não é... tinha aquelas coisas dela! Mas eu nem acredito muito nisso!"

;)

P.s. Outro aspecto com nota 20, foi o facto de aparecer uma Amália jovem, e não a senhora com os seus óculos trés chique e xailinho preto! :)

sábado, 18 de outubro de 2008

Isto é que é o FADO!

Ainda não estou bem em mim!
Culpados??? Fado. E a fantástica Raquel Tavares!
Ontem... no casino da Figueira!

Passadas estas horas todas, ainda estou a "gingar" e a trautear: "Dirão que isto é fatal, é natural! Mas é Lisboeta e isto é que é o fado!" ... ou então, a minha preferida, "Lá vai a Rosa Maria, que é a alegria desta ribeira, ouve e ri à gargalhada qualquer piada, por mais brejeira. Vai bugiar meu menino, não deites barro a parede que esta Rosa é peixe fino para as malhas da tua rede!" :)

AAAAAI!!

O fado entrou cá dentro ontem, e ainda não saiu! Nem queroooo! :)

Para já, ficam as imagens...



Além desta voz e do palco (que é todo dela!) é ainda aquela simpatia e aquele abraço! E os músicos?? FogoooO! :)
No final do concerto, escapei-me então para os bastidores (assim como mais 4 ou 5 pessoas) para conseguir o meu autógrafo! Logo a minha avó, que me acompanhou - porque era fado, diz que sou mega-fã e que até dou uns toques na guitarra! Pronto.. :) Fiquei com dois abraços, dois beijinhos e um super autógrafo que vou guardar com muita muita muita estima! Ahhh.. Não esquecer que a fadista me reconheceu! :D Isto porque, quando subiu ao palco a "Rosa da Madragoa" não me contive e cantei tudoooo! Passei então a ser a "menina que cantou logo desde o início do concerto, e que estava no lado esquerdo do palco!"







* Para a amiga Mariana, um grande beijo, e quem sabe um dia, não me acompanhas num fadinho...
Até Sempre

Raquel Tavares
17 / 10 / 2008*