sexta-feira, 27 de julho de 2012
and in that moment.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
porque o mundo é um momento.
momento 2
É noite de Queima, não sei qual. Ainda não fui ao recinto, mas prometi que ia depois deste jantar. Na varanda de casa da M. reconheço outra varanda. Ligo à S. e vejo-lhe o vulto, a passear junto à janela da sala. Estão ali, eu também devia estar. E afinal estamos perto, estamos juntas por telemóvel. Depois descubro que tu não estás em Coimbra, faço birra. Fico amuada e sem jeito. E queria falar, queria perceber. Mas foi muita vodka, e não conseguia fazer nada disso. Nem tu querias, valha a verdade. Fiquei mal disposta com aquilo tudo, até com as bifanas. Não sei o que me deu, agarrei-me ao lava-louças e a T. agarrou-me o cabelo. Não foi bonito, mas tive a decência de lavar a cara e sair, já com as chaves de casa na mão. Ía a passar o Botânico quando a R. me ligou, e eu sem saber onde estava. Deixei cair as chaves, foi um tormento. Depois liguei de volta. "Olha, ganhámos a Eurovisão?". E não, porque era só a semi-final e nem daí passámos. Fiquei inconformada, eram dois desaires numa noite. Quando cheguei a casa o pijama fugiu-me e a cama abanava como uma rede. Mas dormi bem, acordei feliz e aproveitei uma das melhores ressacas de sempre.
momento 3
É um dia qualquer, sei lá. Decidi baldar-me a tudo por uma tarde, fazer greve e ir passear. Escolhi as galerias do Santa Clara, porque tem boa música e um sumo de laranja natural muito delicioso. Apanhei o 6 no sentido contrário, como de costume, e fui dar a volta toda pelos HUC antes de passar a ponte e sair na paragem perto do Portugal dos Pequenitos. Levei a mala castanha, quase rota, cheia de revistas e livros e jornais. Entrei como quem conhece a casa e escolhi o melhor sofá, na esplanada coberta. Se o rapaz que andava a servir às mesas soubesse ler caras (como aquele homem da série das mentiras) escusava de me ter perguntado o que queria e, depois, se queria com gelo. Fiquei lá umas horas, li a revista de uma ponta à outra e corri algumas notícias do i. Depois pensei em como é que me ia desemerdar sem ti. E, olha porra, não será difícil. Voltas quando quiseres, a T. garantiu-me que sim.
momento 4
O dia da razão. T., alegra-te: tinhas razão. E eu tive de admitir, por mais voltas interiores que isso me provoque! Mas, felizmente, tinhas razão. Com duas ou três mensagens carinhosas (amorosas, arrisco dizer) voltámos ao "normal". O que ainda não é bom, não me satisfaz. Sabes, devo ter aquele desejo de requinte que só um Ambrósio qualificado pode saciar. Mas estamos no bom caminho, o que é muito favorável - sabendo das semanas em que o meu telemóvel não tocou, por ti, uma única vez. E agora, anda, corre atrás de mim. Faz-me falta aquela caneca de cevada instantânea (que, continuo a afirmar, fazes melhor que ninguém), na varanda da cozinha. Se isto fosse o Facebook punha um gosto. E tu, outro. Mas ainda não é para já, não mereces uma cantiga de amor à moda antiga.
momento 5
Ontem caiu-me um dente. E nem foi bem 'cair', porque o arranquei. Mas a culpa foi dele, porque não parava de sangrar. Felizmente, ainda era daqueles que mudam até aos 10 anos - os dentinhos de leite, que a fada depois leva. Que extraordinário a minha dentição ser ainda tão infantil, mas creio que eliminei o último resquício de adolescência. Agora tenho um gigantesco buraco, o que acaba por não ser melhor - logo aqui tão à frente, que se vê tão bem em qualquer sorriso.
Hoje fui para o café, matar saudades da happy hour e do jogo dos patos. Falhei só uma ou duas vezes, por desconcentração e nada mais. O mesmo não se aplica às restantes, verdadeiros nível 0 nestes jogos de quem-falha-bebe. Com um andar mais ligeiro, fomos jantar. Depois de quase meia-hora às voltas com a lista acabei por escolher uma espécie de pizza, só que enrolada e com as coisas todas lá no meio. Modernices, diria a minha avó. A sangria escorreu como água do rio, ligeira como o nosso andar. E acabou a festa, que amanhã ainda é dia de trabalho, de madrugar. Na rua que sobe até ao Botânico, reparei nos teus olhos. Pelo reflexo no espelho, um plano fechado só de ti. Eu, muito encantada, desconfio que quase não falei nesses 5 minutos de contemplação. Ninguém deu por nada, prometo-juro. Mas eu vi. Brilham, e não é com photoshop.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
página de história
domingo, 24 de janeiro de 2010
24
Amanhã é outra história, tenho de fazer tudo direito. Caso contrário, vai o avião e eu não. Entre comboio, metro e avião vai ser uma canseira. Depois ainda mais comboio e, para a acabar em grande, um pequeno (ou médio) passeio pedestre, com bagagem às costas.
Se for como combinado, quarta vou ver o Fado e sexta já cá estou outra vez.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Computador.
Agora estava pr'aqui a pensar nos assuntos que me tinham surgido para escrever um post - que realmente este blog está a ficar uma pobreza. Quando me tinha decidido (ia escrever sobre as personagens que andam de autocarro em Coimbra, uma coisa de chorar a rir), ligo o computador e deparo-me com o teclado pequenino e não-barulhento. Fiquei a pensar no primeiro computador que tive: era uma coisa estapafúrdia de grande, um Pentium-não-sei-quê (lento como só ele). A unidade central tinha uma tampa de correr, que tapava a entrada dos cds e das disquetes - que agora já são quase tão velhas como o vinyl! Estava decorada, por mim, com um autocolante de um pato e outro de um koala. Um deles, já não me lembro qual, estava constantemente a cair e eu resolvi usar cola para remediar a situação - sei que ficou um rico serviço! Quando o computador estava ligado durante muito tempo, servia de aquecedor e fazia um barulho de chaleira com água a ferver, lindo.
O monitor foi trocado três vezes. Quando comecei a usar óculos, o meu pai comprou uma espécie de segundo vidro do ecrã (que também serviu para o computador da minha irmã). Supostamente bloqueava alguma luz que passava ou coisa parecida. A intenção era muito boa, mas aquilo era feio que doía. O teclado e o rato sempre vieram em conjunto, assim como as colunas (que foram quase sempre as mesmas). O primeiro teclado era meio cinzento (nada mau), mas o rato insistia em flipar e eu insistia em dar-lhe umas suaves pancadinhas, a ver se ele ia ao sítio. Com esses carinhos, devo ter partido alguma peça porque a bolinha do rato andava sempre a cair. Fiquei com ela para diversão e o rato foi trocado. Os novos eram o pico da tecnologia: não precisavam de fios! Ligava-se uma caixinha à unidade central e aquilo emitia umas sinalefas quaisquer que faziam tudo funcionar sempre precisar de cabos. Era um luxo! Quando estava sozinha no escritório, era ver-me de pernas cruzadas em cima da mesa, braços apoiados na cadeira e teclado em cima das pernas!
Comparado com o computador que tenho agora, esse amontoado de coisas era muito mais bonito. Cada parte, separada, tinha uma função especial. Agora tenho tudo numa única peça, tudo muito mais pequeno, muito menos barulhento e muito menos poético. Quando converso com a Pc (a rapariga em si, não falo com computadores!) ela diz sempre que jornalista que se preze fuma charuto; e eu penso sempre que isso é jornalista/escritor de filme. Mas depois fico a matutar no assunto...
Na quinta-feira esteve na faculdade o Manuel Alegre, a propósito de um Colóquio sobre A Liberdade (o livro, de Stuart Mill). Fez o encerramento das sessões do dia, numa comunicação que foi lendo, nas folhas que trazia na mão. À saída da sala, passei mesmo ao lado dele e consegui passar os olhos nos tais papéis. Atrasei o passo, na confusão das pessoas a sair da sala e dos cumprimentos mútuos à porta, para ver melhor. (Pelo menos) a primeira página estava escrita à mão, com um caligrafia poética, palavras rasuradas e chamadas de atenção a remeter para outras frases.
No final de um texto tão grande, a conclusão (tirada à pressa, porque tenho de ir estudar) é meia descabida. É só porque me parece que os teclados que fazem barulho quando se carrega nas teclas são bem mais fixes que estes de agora. Não sou poeta nem pretendo (só de me lembrar daquelas quadras malucas que escrevi, no gozo, em que cada verso tinha a palavra "plumas"!), mas acho mais piada aos teclados amarelos-do-sol e com alertas sonoros nas teclas. Pronto, era só isto.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Amizades e balões de ar quente
Não é que seja absolutamente destituída nestas coisas, simplesmente... cometo imprecisões. Outras vezes, funciona tudo perfeitinho. Por exemplo, a minha bipolaridade é curada com o Chibambo - e funciona por troca directa, tipo comércio com os pretos, à montes de séculos atrás. Fica-se com aquela sensação de "elá.. este caraças começa a saber muitas coisas", misturada com "que se lixe, também sei cenas vergonhosas dele!" ;)
Costumam fazer aquela questão parola do sacrifício (por quem é que arriscavas a vida, esse tipo de histórias). Há algum tempo deixaram-me a dar voltas com uma diferente. Imagina que estás num balão de ar quente, uma cena muito de filme, com aquele núcleo pequenino que são os teus Melhores Amigos. A certa altura reparam que a bodega do motor está com problemas e vai deixar de funcionar a qualquer momento, se não foi aliviada a carga. Mesmo depois de se mandarem ao ar (jura!) os sacos de areia o motor continua a queixar-se. É preciso que alguém salte fora. Com um a menos, safam-se os restantes e fica só um cadáver para o CSI analisar. Agora... a situação é a seguinte: porque é que NÃO deves ser tu a saltar?
Isto, porque há amigos. Os recentes, que conheces-te por acaso, porque nesse dia não choveu. Esses e os de sempre, pessoas a quem podias contar a tua vida toda numa noite de cafés e guitarras, sem rodeios e sem excepções. Mostravas, sem problema, as fotografias todas da infância - mesmo quando o cabelo à tigela e os collant de renda foram moda. Não há problema se te encontrarem numa crise chorosa, depois de um daqueles livros lamechas que te emocionam sempre - e que, involuntariamente, decoras.
Seria por quem me dá abraços apertados, género emigrante regressado em Agosto, mesmo que tenha estado comigo há meia hora, que atirava as regras do jogo às couves, e me mandava de cabeça do tal balão. Porque "Tudo o que te dou / Tu me dás a mim".
P.s. Estas cenas só me ocorrem, por escrito, no exame de Português ou no blog, quando há jetlag entre a uma e as duas da manhã - não há, portanto, razão para alarme.
P.s.2 Normalmente, aquilo que quero dizer já alguém disse. Na maior parte dos casos, bem melhor:
"Os amigos. Entrariam por uma casa em chamas para nos salvarem. Mentem por nós à nossa própria mãe. Sabem de nós mais do que somos capazes de lhes dizer. Jurariam que à hora do crime estávamos a tomar chá com eles. Mesmo que a polícia nos encontrasse com as mãos cheias de sangue. «São rosas, senhores. Andei toda a tarde a cortar rosas, senhores. Sangue de espinhos, senhores.» Eles exigem-nos coisas de nada. As nossas lágrimas. O nosso lenço de assoar. A pele dos nossos inimigos. As batatas fritas do nosso bife. A nossa melhor roupa, por uma noite. Exigem-nos tudo quanto nos dão. É preciso regá-los regularmente: e é nos ombros deles que cai toda a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos nos apetece. E DEPOIS FICAM CONNOSCO QUANDO AS LUZES SE APAGAM E TODA A GENTE SE FOI EMBORA. SÓ AOS AMIGOS É DADO O ESPECTÁCULO DA NOSSA MISÉRIA."
» Inês Pedrosa, A Instrução dos amantes
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Isto das Férias.
Outro aspecto negativo das férias é a completa inutilidade em que me transformo. Sinceramente, um ácaro faz mais que eu. Óviamente que, depois das matines televisivas quase até às televendas, só abro as pestanas à hora de almoço. É aqui que há a imundice de trocar o pijama (imediatamente) por um fato de treino pestilento, esfregar os olhos e orientar o cabelo – enquanto invento um ar super desperto para ir dar os bons dias aos que chegam do trabalho, depois de uma manhã extenuante de reuniões e concílios.
Sem paciência para aturar os stresses naturais de que faz alguma coisa pela vida, há que arranjar um bunker. Nisto, o quarto começa a ser a única divisão da casa. Liga-se o ar condicionado na potência máxima do frio e as gavetas passam a servir de frigorífico. Acumula-se roupa em todas as superfícies, porque se está de férias.
Actualizar a biblioteca do ITunes parece mais complicado que resumir o Memorial do Convento, e mesmo as fichas de História seriam uns óptimos aperitivos para as noitadas de Mentes Criminosas. Além disto, sem a escola, diminui drasticamente o nível de informação: não há boateira sobre quem é que usou os WC (com quem) para algo mais que o habitual chichizinho, não há CEFas a prenderem os saltos agulha no chão e há algumas semanas que as minhas Terças-Feiras deixaram de incluir Red Bull e a revista Maria.
A parte chata das férias é que não há nada a infringir. Durante o tempo de aulas, há que faltar uma meia dúzia de vezes para manter o nível de auto-estima e rebeldia nos píncaros. Agora, não há assuntos interessantes de véspera de teste. Já ninguém descobre que afinal não há Tigres, só Dragões – que a voar são patos. Mas que, quem voou mesmo foi o outro (o que é que ele há-de fazer?) bem se lixou, foi assado sem batatas e sem azeite.
Porque não tenho (obrigatoriamente) de escrever, de moderar a emissão de pescadas ou de usar vocabulário específico, deixo de o fazer – e este blog começa a ficar michuruca. Meia volta mais tarde e foge-me a mão da pena para a cintura, o pé do sapato para o chinelo e a cabeça daqui para ali. O coração, se for batendo assim, é sinal que ainda não tenho arritmia.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Tu és Isto:
Tudo o que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir! Sinta quem lê!"
Nestes casos, é a vergonha do que já escrevi. E a culpa nunca é minha - é do árbitro. Porque não é bom, não é isto nem aquilo. Mas é meu, e (COJONES) tem o valor que eu lhe quiser dar. Quero mais, muito mais. Fraco ou não, engraçado ou aborrecido de morte - é meu. Sou eu!
(Roubei gaivotas)
Ninguém me peça definições
[Não sei quem sou]
“Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí”