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terça-feira, 31 de julho de 2012

o poema da verdade.

(fui roubar palavras.)

prometo ser-te fiel se mo fores
também, não é certo que mo venhas a
ser. por isso, já to perdoo

prefiro partir assim para o resto da
vida. assim, com os olhos abertos à
frustração e talvez à vulnerabilidade

não prevejo nada em concreto, acredita,
não tenho olhos para outras moças,
só o digo assim por ser verdade

que tarde ou cedo havemos de encontrar
nos outros motivos de inusitado
interesse, e depois, pergunto,

vale mais que acordemos um amor
sobreposto ao futuro, um amor agora
que tenha conhecimento do futuro

e não esperar mais nada senão
a verdade. a decadente verdade que
chega já depois dos primeiros beijos.

Valter Hugo Mãe, in Contabilidade

quinta-feira, 12 de julho de 2012

continuação.

(Não é artifício de escrita, isto é mesmo uma continuação e devia ler primeiro o post anterior).

Já o calor é um caso mais sério. A verdade é que facilmente me aborrece, rouba-me toda e qualquer pequenina vontade de pegar numa história e passar para o papel. Não consigo escrever ao sol, este ano nem tentei. Nestes meses desgraçados o corpo só pede coca-cola com gelo e limão, ou café com gelo, ou Beirão com gelo e limão (seja espremido, com casca ou sem). Ou pior, pede martinis que, em número superior a dois, dão início de uma tormenta de calores internos que supera as marcas do bronze nas costas. Também é facto, e não menosprezado, que uma boa esplanada (como essa, que tenho a honra de frequentar) é sempre um espaço criativo em pleno: a música é de excelente qualidade (ainda hoje correu o cd da Joss Stone, gravado ao vivo num sítio qualquer), a bebida é fresca, costuma haver uma aragem passageira, e o gerente/funcionário do espaço é de um charme apenas comparável ao do Martini-Man, Mrs Clooney. Mas lá está, mais me ajuda este raciocínio, é disto que me aborreço. Está sempre por ali um bom conjunto de gente que dava uma boa história (gente que tem, digo eu, boas histórias). Mas o abrasado do calor só me dá para barrar protector solar, factor 30, em tudo quanto é pele exposta, nunca para agarrar uma caneta e divagar. Nunca. E agora, se escrevo, não se iludam, é apenas porque tenho o quarto climatizado a 18 graus. Estou de pijama e robe de inverno, com gorro na cabeça e meias nos pés. É o que digo, o calor não favorece o artista, muito menos a miúda que quer escrever para ganhar a vida. E que seja uma dessas confortáveis, que vá permitindo, nos intervalos destas tardes solarengas, ir num avião low cost tomar um café em malga xl a um sítio frio e distante. Ou, já que compensa, beber uma dessas cervejas que cheira à broa de milho da padaria da vila.

o orgulho e uma cerveja.

Numa terra fria e distante há um bar maravilhoso. Eu, desentendida do dialecto local, não percebi o nome inscrito, em letra velha, acima da porta e janela. Nem sabia, aliás, pronunciar tais palavras. Foi só com o google tradutor que, meses depois, soube que estive no "Orgulho da Margarida" ou na "Margarida orgulhosa" - nunca fiando nessas traduções fracas.


Mas voltando ao bar, entrem. É uma espécie de pub, muito ao estilo das terras frias e distantes, onde se servem cafés em pequenos tabuleiros com bolachas, fatias de bolo, chocolate, natas e açúcar. O café em si, claro, é péssimo e a chávena é do tamanho de uma taça do caldo verde. As bolachas ou o bolo são sempre melhores, e o chocolate (ou nougat) é delicioso. Neste bar, como noutros que lhe são vizinhos, o café é tão caro que sempre compensa beber uma cerveja. Há uma lista, numa capa de folhas plásticas como as da escola, com nomes e indicações que não se entendem. A escolha segue a linha dos números da lotaria, só que o retorno da aposta é tendencialmente mais agradável.


Há bebidas destas que sabem a cerejas e outras que sabem a pão frio, com espuma branca. Dos mil sabores da lista percebem-se (a custo) as frutas: pêssego, maçã e uma outra que se podia jurar ser de uva. São sempre muitos frias e depois muito quentes, quando dentro do corpo. O que é bom porque ajuda a superar o grau zero que corta as ruas e nos vem bater nas esquinas, quando há vento. 


Foi ali, precisamente no lugar que está vago da minha ausência, que comecei a escrever uma história com a ganância idiota de um dia ganhar um prémio e muito dinheiro. Sempre achei que o frio me estimula as ideias, como se me encasulasse o corpo todo para o cérebro (e outros órgãos criativos). É no frio que nunca me dá para cometer disparates, pois é-me mais confortável o calor artificial de uma boa manta Quechua. Mais se acrescenta que é nos meses de inverno rigoroso que o consumo dessas bebidas me agradava particularmente, uma vez que o corpo não desata a produzir hormonas e suores, direccionando tudo para uma excitação cerebral - que, agradeço, me deu já umas quantas ideias.

(nota: continua...)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

your mission, should you choose to accept it

Se ninguém ficar escandalizado, posso dizer que este blog nasceu de um ménage. Foi uma sex-party entre a necessidade de expressão, a falta de escrita do currículo escolar e a falta de tempo da minha vida de teen atarefada. Se hoje não escrevo com a mesma regularidade de há uns anos (obrigado por notarem) é porque o registo do "diário" deixou de me satisfazer. Aqui, passou-se do tempo das curtes às escondidas para as cenas de anel do dedo - ou fitinha no pulso, que significa o mesmo de uma maneira muito mais discreta. Além disso, esses três participantes partiram há muito para outras festinhas e deixaram de fazer sentido na vida deste puto, que se emancipou. O blog está mudado. Só se mantém as cores porque sempre fui melhor a brincar aos polícias e ladrões que aos designers e estilistas. Mais, agora tenho mesmo que escrever. E não é sobre pessoas que vi no autocarro. São textos grandes, maçadores, de mil-e-mil caracteres. É por isso que estou sem palavras para aqui. As que sobram dessas escrituras vou guardando numa caixinha (como o Pessoa guardava as pedras do caminho). A missão para essas palavras-rejeitadas é de imensa responsabilidade. Serei capaz de escrever um romance de 5.000€? Vi o filme do Cruise e ganhei um euro nas raspadinhas da Santa Casa, tudo parece possível.