Na quarta-feira andei a correr as salas todas da faculdade à procura de um computador onde pudesse escrever a recensão que tinha de entregar antes do meio dia. Depois de ter vistoriado uns quatro pisos, lá encontrei o Centro de Estudos de Psico-qualquer coisa (não me lembro do nome certo, mas sei que era grande e pomposo). A sala estava, como quase todas, atulhada de livros em estantes fechadas a cadeado. Tinha dois computadores da época dos Descobrimentos (que não Magalhães) e, já que estava com uma colega, era o sítio ideal para nos dedicarmos ao trabalho. Não estava lá a funcionária e, como se fossemos donas do sítio, puxámos umas cadeiras e começou cada uma a escrever para seu lado. O teclado era daqueles barulhentos, até estranhei não estar cheio de pó. Com a pressa de despachar a recensão, fui passando as notas e as citações que tinha nos textos de apoio. Entretanto chegou a funcionária a queixar-se que era hora de almoço e que ia fechar a sala. Saímos.
Agora estava pr'aqui a pensar nos assuntos que me tinham surgido para escrever um post - que realmente este blog está a ficar uma pobreza. Quando me tinha decidido (ia escrever sobre as personagens que andam de autocarro em Coimbra, uma coisa de chorar a rir), ligo o computador e deparo-me com o teclado pequenino e não-barulhento. Fiquei a pensar no primeiro computador que tive: era uma coisa estapafúrdia de grande, um Pentium-não-sei-quê (lento como só ele). A unidade central tinha uma tampa de correr, que tapava a entrada dos cds e das disquetes - que agora já são quase tão velhas como o vinyl! Estava decorada, por mim, com um autocolante de um pato e outro de um koala. Um deles, já não me lembro qual, estava constantemente a cair e eu resolvi usar cola para remediar a situação - sei que ficou um rico serviço! Quando o computador estava ligado durante muito tempo, servia de aquecedor e fazia um barulho de chaleira com água a ferver, lindo.
O monitor foi trocado três vezes. Quando comecei a usar óculos, o meu pai comprou uma espécie de segundo vidro do ecrã (que também serviu para o computador da minha irmã). Supostamente bloqueava alguma luz que passava ou coisa parecida. A intenção era muito boa, mas aquilo era feio que doía. O teclado e o rato sempre vieram em conjunto, assim como as colunas (que foram quase sempre as mesmas). O primeiro teclado era meio cinzento (nada mau), mas o rato insistia em flipar e eu insistia em dar-lhe umas suaves pancadinhas, a ver se ele ia ao sítio. Com esses carinhos, devo ter partido alguma peça porque a bolinha do rato andava sempre a cair. Fiquei com ela para diversão e o rato foi trocado. Os novos eram o pico da tecnologia: não precisavam de fios! Ligava-se uma caixinha à unidade central e aquilo emitia umas sinalefas quaisquer que faziam tudo funcionar sempre precisar de cabos. Era um luxo! Quando estava sozinha no escritório, era ver-me de pernas cruzadas em cima da mesa, braços apoiados na cadeira e teclado em cima das pernas!
Comparado com o computador que tenho agora, esse amontoado de coisas era muito mais bonito. Cada parte, separada, tinha uma função especial. Agora tenho tudo numa única peça, tudo muito mais pequeno, muito menos barulhento e muito menos poético. Quando converso com a Pc (a rapariga em si, não falo com computadores!) ela diz sempre que jornalista que se preze fuma charuto; e eu penso sempre que isso é jornalista/escritor de filme. Mas depois fico a matutar no assunto...
Na quinta-feira esteve na faculdade o Manuel Alegre, a propósito de um Colóquio sobre A Liberdade (o livro, de Stuart Mill). Fez o encerramento das sessões do dia, numa comunicação que foi lendo, nas folhas que trazia na mão. À saída da sala, passei mesmo ao lado dele e consegui passar os olhos nos tais papéis. Atrasei o passo, na confusão das pessoas a sair da sala e dos cumprimentos mútuos à porta, para ver melhor. (Pelo menos) a primeira página estava escrita à mão, com um caligrafia poética, palavras rasuradas e chamadas de atenção a remeter para outras frases.
No final de um texto tão grande, a conclusão (tirada à pressa, porque tenho de ir estudar) é meia descabida. É só porque me parece que os teclados que fazem barulho quando se carrega nas teclas são bem mais fixes que estes de agora. Não sou poeta nem pretendo (só de me lembrar daquelas quadras malucas que escrevi, no gozo, em que cada verso tinha a palavra "plumas"!), mas acho mais piada aos teclados amarelos-do-sol e com alertas sonoros nas teclas. Pronto, era só isto.
Agora estava pr'aqui a pensar nos assuntos que me tinham surgido para escrever um post - que realmente este blog está a ficar uma pobreza. Quando me tinha decidido (ia escrever sobre as personagens que andam de autocarro em Coimbra, uma coisa de chorar a rir), ligo o computador e deparo-me com o teclado pequenino e não-barulhento. Fiquei a pensar no primeiro computador que tive: era uma coisa estapafúrdia de grande, um Pentium-não-sei-quê (lento como só ele). A unidade central tinha uma tampa de correr, que tapava a entrada dos cds e das disquetes - que agora já são quase tão velhas como o vinyl! Estava decorada, por mim, com um autocolante de um pato e outro de um koala. Um deles, já não me lembro qual, estava constantemente a cair e eu resolvi usar cola para remediar a situação - sei que ficou um rico serviço! Quando o computador estava ligado durante muito tempo, servia de aquecedor e fazia um barulho de chaleira com água a ferver, lindo.
O monitor foi trocado três vezes. Quando comecei a usar óculos, o meu pai comprou uma espécie de segundo vidro do ecrã (que também serviu para o computador da minha irmã). Supostamente bloqueava alguma luz que passava ou coisa parecida. A intenção era muito boa, mas aquilo era feio que doía. O teclado e o rato sempre vieram em conjunto, assim como as colunas (que foram quase sempre as mesmas). O primeiro teclado era meio cinzento (nada mau), mas o rato insistia em flipar e eu insistia em dar-lhe umas suaves pancadinhas, a ver se ele ia ao sítio. Com esses carinhos, devo ter partido alguma peça porque a bolinha do rato andava sempre a cair. Fiquei com ela para diversão e o rato foi trocado. Os novos eram o pico da tecnologia: não precisavam de fios! Ligava-se uma caixinha à unidade central e aquilo emitia umas sinalefas quaisquer que faziam tudo funcionar sempre precisar de cabos. Era um luxo! Quando estava sozinha no escritório, era ver-me de pernas cruzadas em cima da mesa, braços apoiados na cadeira e teclado em cima das pernas!
Comparado com o computador que tenho agora, esse amontoado de coisas era muito mais bonito. Cada parte, separada, tinha uma função especial. Agora tenho tudo numa única peça, tudo muito mais pequeno, muito menos barulhento e muito menos poético. Quando converso com a Pc (a rapariga em si, não falo com computadores!) ela diz sempre que jornalista que se preze fuma charuto; e eu penso sempre que isso é jornalista/escritor de filme. Mas depois fico a matutar no assunto...
Na quinta-feira esteve na faculdade o Manuel Alegre, a propósito de um Colóquio sobre A Liberdade (o livro, de Stuart Mill). Fez o encerramento das sessões do dia, numa comunicação que foi lendo, nas folhas que trazia na mão. À saída da sala, passei mesmo ao lado dele e consegui passar os olhos nos tais papéis. Atrasei o passo, na confusão das pessoas a sair da sala e dos cumprimentos mútuos à porta, para ver melhor. (Pelo menos) a primeira página estava escrita à mão, com um caligrafia poética, palavras rasuradas e chamadas de atenção a remeter para outras frases.
No final de um texto tão grande, a conclusão (tirada à pressa, porque tenho de ir estudar) é meia descabida. É só porque me parece que os teclados que fazem barulho quando se carrega nas teclas são bem mais fixes que estes de agora. Não sou poeta nem pretendo (só de me lembrar daquelas quadras malucas que escrevi, no gozo, em que cada verso tinha a palavra "plumas"!), mas acho mais piada aos teclados amarelos-do-sol e com alertas sonoros nas teclas. Pronto, era só isto.
1 comentário:
escreveste isto quando? estas tao nostalgica que poderia dizer que estavas bebada! desculpa, alcoolizada. :)
Enviar um comentário