segunda-feira, 25 de abril de 2011

em abril.

Não gosto que neste dia a Sic passe filmes da princesa e que a tvi passe documentários (também da princesa). Não gosto que, indirectamente, se dê mais importância a um par de noivos que a um dia nacional. Revela ignorância, não pode estar certo. Das poucas coisas interessantes que tem a nossa história, há uma revolução. Fizemos uma revolução e hoje ninguém se lembra dela. Porque o país está na crise, e na troika, e o no FMI e porque o Mário Soares tem cara de bolacha - diz a minha avó. E porque arregaçar as mangas, 'erguer a voz e cantar', é um calvário que Deus nos livre. Mas, porque sempre me foi difícil perder amigos, não tenho vontade de virar costas ( e ontem tanto se falou que no Luxemburgo dão subsídios aos filhos e aos pais, aquilo é um luxo). Então cá estamos, à espera de mais uma edição do programa das criancinhas a cantar, à espera da novela da noite com edição especial, à espera dos santos populares e dos meses quentes de férias. Porque este mês nem nisso é bom, ou está calor ou está de chuva. E hoje, afinal, que dia é?



Na canção que eu hoje trago
Direi tudo o que eu quiser
No passado deixo um cravo
Planto outra flor qualquer.

(...)

Lutei
Com que armas não sei
Mesmo na desgraça
Ergui a cabeça
E lutei.

Senti
A força da raça
Dum povo que passa
Depois de ser escravo
A ser rei.

Na canção que eu hoje vivo
Cabe tudo o que eu disser
A palavra amante e amigo
A fúria de viver.

- José Carlos Ary dos Santos, Mulher Presente

1 comentário:

Ricardo Tiago disse...

Muito bom Mariana... o Ary dos Santos é um poeta em pleno. Que grande homem da intervenção!