A Ritinha sabe que eu, às vezes, tenho insónias. As cabras não tiram férias, atacam quando lhes dá na ideia. É uma coisa muito aleatória. Entenderam, as cabras, que hoje era um bom dia (boa noite, leia-se) para incomodar. Os lençóis enrolavam-se nas pernas, a cabeça não aterrava na almofada, eu sei lá, estava toda do avesso. Danei-me! Vesti umas calças e enfiei uma camisola. Calcei as sapatilhas mais rotas que tenho e fui para a rua. Por engano, na mala que agarrei estavam os cadernos de socio-economia. Mas insónias não são compatíveis com estudo, nunca foram. Desci até à praça, para um café qualquer. Educadamente, fui expulsa de um que fechou à meia-noite e de outro que fechou à uma. Merda de horários têm estes cafés, depois refilam que é da crise. Enfim, desci a avenida, fugi dos bares e discotecas. Voltei a subir, encontrei um sitiozinho perfeito (que só fecha às 4h!). Pedi um (outro) café - se não as podes vencer junta-te a elas, não é? Sentei-me e fiquei especada a ver a Katy Perry na televisão. Que péssimo gosto musical tem este "flavours-bar-lounge". Nisto, a funcionária com cara de Escola Básica trouxe-me o café, acordei da hipnose. E, olha, depois fiquei a pensar no quanto queria escrever-te coisas bonitas e arrebatadoras. Na tua prenda de aniversário (atrasada como o caraças!) que encomendei hoje. No teu dom sobrenatural para comentar espetáculos de sábado à noite e detectar personagens dos filmes. Fiquei a pensar, mas foi sem querer. A minha cabeça tem uma tendência muito estranha de procurar o teu ombro, mesmo quando não estás aqui ao lado. E agora, porque não estás, caio em cima das folhas que não usei do caderno de (fingir que) estudo. Mas trocava o meu dentinho que está a nascer por ter aqui esse teu ombro. Por ti, e só por ti, dormia sem meias.
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