O homem não tem aspecto nenhum. É magro 'como as estacas do feijão' (diria a minha avó) e tem um péssimo guarda-roupa. Vai variando as suas peças de alta costura entre a camisa de flanela grossa em xadrez (conjugada com um pólo cheio de borbotos e cor do antigamente) e outra camisa também feia e também ao xadrez (e, surpresa, o pólo não muda!). Os sapatos são achatados e largos, como os dos astronautas, sempre no mesmo tom de castanho, com atacadores. As expressões faciais são entre o 'homem-deprimido-que-vai-saltar-da-ponte' e o 'homem-deprimido-que-vai-matar-alguém'. Fica sempre discreto, num sítio onde possa ver o movimento, as pessoas - quer seja no shopping ou no café. É aborrecido olhar para ele. Aposto que passa as meias a ferro, lê livros de auto-ajuda e considera a máquina do café a melhor invenção de sempre. É verdade, este senhor é uma grande treta. E, até hoje, não tinha categoria para aparecer neste blog. Só que ela fez-me um pedido, e não posso negar nada a quem me deu uma caixa de 6 Red Bull, naquela noite na Praia da Tocha. A partir deste dia, aceitam-se encomendas, recebo Red Bull (ou sapatilhas novas) em troca.
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