domingo, 13 de maio de 2012

Mais encanto.


        Dizem que é na hora da despedida que Coimbra tem mais encanto. Que há, nesta cidade, qualquer coisa que não volta, que voou. Que há um rio que tem todo o brilho da cidade, há capas aos ombros e saudades nos olhos. Dizem, disseram-nos durante três anos. Tentámos acreditar, é verdade, aprendemos a dizer adeus e a viver com a saudade. Aprendemos a conviver com os colegas, a que passámos a chamar amigos; aprendemos a conviver com a cidade, a que passámos a chamar casa. E, quando pensamos bem, são estas as duas lições que deviam valer mais.          
            Lembram-se do dia em que chegaram? Eu tive medo, confesso. Recordo que havia muitas Capas e Batinas, que esperámos debaixo de um sol muito quente e que alguém fez discursos que não fizeram sentido. Recebemos t-shirts e hinos e fomos convocados para a Praxe. Éramos uns miúdos, saídos do liceu, não sabíamos lidar com os power points acelerados do Ensino Superior, com os exames em duas fases nem com os anfiteatros de madeira que caem a pique até ao professor. Depois acabou o primeiro ano e pensámos que era o fim, de tudo. Mas então vestimos de negro, traçámo-nos em abraços e em famílias. Não era o fim, era só outro começo.
            No ano passado, começámos a sonhar com um Carro. Começámos também a perceber que não era tudo fácil, tivemos de nos despedir de colegas que tinham sonhos iguais aos nossos – e ninguém nos ensinou a fazer isso. As bolsas, as políticas, às vezes uma nova vida. Mas ainda não foi o fim, ainda não acabou. Nas letras, passámos da teoria à prática, pediam-nos notícias e noticiários. Trabalhos de grupo, apresentações orais… e nós queríamos faltar às aulas, queríamos tanto ser rebeldes! Trocávamos a noite pelo dia e íamos pelas ruas em grupos e em Trupes, às cantigas e às tascas, à Alta e á Baixa. Jantares, Latada e Queima. E depois o ciclo termina sempre com exames, uma espécie de corda ao pescoço como a que tem o D. Dinis.
            Mais um passo, pequeno, e já nos chamam finalistas. Saltamos etapas porque Bolonha mandou. Está a acabar, percebem? Acreditam? Agora é oficial, não somos os miúdos que chegaram a Coimbra cheios de malas e de vontades. Somos os outros, os que deixam Coimbra porque chega a hora. Os que vão querer voltar e não vão querer esquecer. Somos o terceiro ano de Jornalismo, os fitados 2009/2012. Somos o “Inimigo Púbico”, as Miguitas, os Rijos, as Erasmus, as Rosinhas e a Tertúlia que nunca existiu. Somos o 27! Somos tudo o que não consigo (ou que não posso!) dizer nesta página; as fotografias que levamos para recordar, o choro de uma balada, a alegria das nossas festas e as lágrimas que enchem o rio. Por sermos assim, e não apenas por estar a acabar, posso dizer, e sei que me acompanham: ainda bem que eu entrei no meu ano!

Mariana Pardal
Presidente da Comissão de Carro 09/12

P.s. Peço desculpa por não mencionar cada um dos elementos desta Comissão, mas sinto que há que destacar as tesoureiras Sílvia e Flaviana, pelo trabalho incansável, pelas contas certas e pela disponibilidade total.