segunda-feira, 11 de novembro de 2013

gostar de ti é um poema que não digo.

Quando chega a noite e o frio dá vontade de fazer uma toca nas mantas polares, fingir que não há nada do outro lado e escolher meticulosamente a quem se autoriza companhia. Dá vontade de ir remexer nos livros que dormem no quarto ao lado, nas coletâneas vermelhas oferecidas - mas não vou, nem fui que o medo manda. Fico só encolhida o mais que posso, metida dentro de uma música a preto e branco, ou de um fadinho chorado da reação. Dá mesmo vontade de ficar assim, esquecer a crise e o bicho da troika, os ministros ausentes e as comemorações do Cunhal. Mas adiante que vai tudo chutado para canto, que à tarde "Somos Portugal". Ah miséria. Aborrecimento e tédio deste país... até que eles lá vêm, por surpresa e mistério da internet. Vêm sem nome, poema e tudo mais na dúvida. Pede-se ajuda, sem vergonha nem descaramento. E, ah, já se pode desfrutar deste país assim cantado. Com tudo o que não se sabe do amor, também. Com tudo o que não se sabe e com todo o fogo maldito das tranças em Coimbra, que não se sabe, também, como não ardeu.
 
Fica este, novidade, e duas idiotas (oh irmã) a ver a que é que soam as rimas.