terça-feira, 28 de setembro de 2010

brise toque e fresh

Saio de casa carregada de sacos, qual soldado que vai meio ano para o Líbano. Quando chego ao meu loft em Coimbra é raro o domingo em que não me surpreendo com a imensidão de congelados, iogurtes, leguminosas e pão que a minha mãe enfia no saco - está quase do tamanho de um trolley. Neste caso, tenho a agradecer os quase 20 kilos de nectarinas (parecem pêssegos) que poderei comer alarvemente durante a semana. Nisto, já encontrei um novo préstimo para a dita fruta: ambientador. Tem um cheirinho a natureza viva que é um mimo! E se a minha irmã andou a perfumar o carro, durante Agosto inteiro, com 5 limões verdes, quem me impedirá de espalhar uma meia-dúzia de nectarinas pelo quarto?

Estou ansiosa pelo coqueiro que irei trazer na próxima semana. Ou quiçá uns valentes pés de morangueiro, assim fecho as janelas e faço estufa. Vende-se fruta no Refustedo!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

a praxe é dura, mas é praxe!

Nunca tinha sentido que dois dias pesaram tanto como um mês inteiro. Domingo a noite foi dedicada a preparar os cancioneiros para suas excelências os caloiros. Segunda-feira a praxe começou (mesmo) cedo - e ainda houve uma caloira que se misturou com as de direito porque, segundo declaração da própria, tinha pressa em ser praxada e não encontrava as doutoras de jornalismo. Logo ali fiquei fula. Das 14h às 16h foi a bonita aula fantasma, com a caloirada a acreditar em cada palavra do 'Professor' Zé Pedro. Tudo muito apavorado, a levar respostas tortas e alguns semi-insultos. Depois do jantar, as caloiras que me tinham odiado durante o dia já queriam ser amigas forever - só porque me apanharam fora da Capa e Batina.
Como as caloiras insistiam em não cantar, e para defender a honra da casa, teve de ser o segundo ano a atacar forte nos despiques - que ninguém volte a ter a triste ideia de provocar aqueles cromos de amarelo. Para melhorar o ambiente, meia-dúzia de caloiras armadas em Marias do Loureiro, a responder torto e a levantar o "nariz" - 'olhos no chão, caraças'.
A conclusão é que estou afónica. E por afónica entenda-se completamente sem pio, estou igual às televisões quando se carrega no 'mute'. Hoje a noite é regada a chá de qualquer-coisa-quente e carregada de preces para que durante a noite a minha garganta volte à vida.
Certamente haverá caloiras para praxar, amanhã bem cedo.

Dura Praxis, Sed Praxis!

sábado, 11 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

wouldn't it be nice?

De entre tudo o que me deixa absbilicobanzobstaferica*, tenho de destacar os casamentos na praia. E nunca tal me passaria pela ideia, não fosse dar-se o caso de assistir a um - sem sequer ter sido convidada. Tudo se passou numa tarde em que supostamente iria apenas parar na esplanada do bar da praia, ler o jornal e depois mais tarde estender a toalha e dormir até ser hora de voltar para casa. Mas todos esses planos foram alterados quando chego à dita esplanada e dou de caras com uma populaça vestida formalmente, aglomerada junto a uma daquelas tendas onde os noivos se casam nos filmes. Como filme de qualidade, havia estrelas - reconhecíveis, um actor do teatro e a professora da novela dos vampiros.
Com um lugar privilegiado na esplanada, deixei o jornal na página das palavras cruzadas e fui deliciando o olhar com tal insólito. Mas o melhor estava para vir. De entre os convidados irrompe um individuo de calça branca e lenço ao pescoço, pavoneando-se de cá para lá - e de lá para cá, e assim sucessivamente. Passam uns minutos, e entra um Smart a toda a velocidade no parque de estacionamento: eis a noiva, guiando a sua própria viatura. Sai a noiva do carro e é ultrapassada por um toino e quatro toinas que iam de mala aviada para a praia, com lancheiras, guarda-sol, tapa-vento, toalhas, baldes e pás e sacos (muitos sacos) do pingo doce. Os convidados todos em fila, três crianças a agarrar na (mini)cauda do vestido e a noiva avança para o altar. Nisto, as colunas discretamente montadas nas dunas ligam ao som de (imagine-se!) Beach Boys!
Pensava eu que tinha sido o final da festa. Qual quê! O dono do bar da praia e os seus amigos charmosos focam o olhar no topo da serra. Discreta, mudei para lá toda a minha atenção. Um dos amigos estava na ponta do precipício de parapente aberto, pronto a saltar! E saltou. Os que estão em terra vão avisando que o do ar é doidinho, que ainda vai arranjar maneira de estragar o casamento - enquanto vão implorando por juízo e fazendo gestos para que ele não aterre nos convidados. O medo aumenta quando ele se aproxima e sobrevoa a tenda tão perto que podia ter arrancado os panos brancos com os pés. Mítico, mas não houve feridos.
No final do casamento, os convidados dispersaram rápido para a boda e o dono do bar convida os noivos para uma flute de champagne. Lá vêm eles, com o fotógrafo atrás - e eu escondida no jornal, não querendo aparecer com a roupa velha que usei no dia. Conversa daqui e conversa dali, recordo-me que o noivo era o pavãozinho que deu mil uma beijocas nas convidadas antes de chegar a noiva, muito simpático e atencioso. Depois de casado, descalçou os sapatinhos à esposa e tirou o seu lenço branco (que fazia pandam com as calças). Fiquei desconfiada, mas depois tudo fez sentido: a praia, os panos brancos, a música dos Beach Boys, os risinhos e as beijocas... aquele rapaz teve tudo, menos uma entrada triunfal num cavalo (branco, claro). A noiva apareceu a toda a velocidade num Smart e, não querendo ser má-língua, um dia destes volta a usar o carro. "Olha aqui pra mim!", disse um dos homens do bar - rapariga, muitas felicidades!

"We could be married
and then we'd be happy
wouldn't it be nice?"

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*Absbilicobanzobstaferica = supercalifragilisticexpialidocious
que é como quem fica muito encantado, feliz ou estupefacto.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

nota cultural da semana

"Abrilhantará o espectáculo a Banda Filarmónica 25 de Setembro"


Ainda assim, o cartaz peca por falta de informação. Não há uma única referência (e devia haver): as músicas revoltaram-se devido ao uso da saia (da farda) naquela arena montada à pressa, fizeram barulho, o senhor maestro abençoou o movimento e eis que vai tudo de sapatilhinha, jeans e t-shirt da casa - e a isto se deu o nome de "farda alternativa".


Dá-se tanto protagonismo à história "farda-sim-farda-não", para desviar a atenção do que é essencial: os pasodobles. Sendo que a tourada é no domingo e o último ensaio foi ontem... é bom que haja algo a interceder pelas alminhas da percussão - por mim, era a tiro. Para já, e se correr tudo pelo melhor, temos um pasodoble que soa a rumba, dois arraçados de kisomba e uns três que parecem instrumentais da Lena d'Água.
Importante, importante: vou ver uma touradinha à pala. Nos intervalos, até pode ser que toque umas músicas.