quinta-feira, 9 de setembro de 2010

wouldn't it be nice?

De entre tudo o que me deixa absbilicobanzobstaferica*, tenho de destacar os casamentos na praia. E nunca tal me passaria pela ideia, não fosse dar-se o caso de assistir a um - sem sequer ter sido convidada. Tudo se passou numa tarde em que supostamente iria apenas parar na esplanada do bar da praia, ler o jornal e depois mais tarde estender a toalha e dormir até ser hora de voltar para casa. Mas todos esses planos foram alterados quando chego à dita esplanada e dou de caras com uma populaça vestida formalmente, aglomerada junto a uma daquelas tendas onde os noivos se casam nos filmes. Como filme de qualidade, havia estrelas - reconhecíveis, um actor do teatro e a professora da novela dos vampiros.
Com um lugar privilegiado na esplanada, deixei o jornal na página das palavras cruzadas e fui deliciando o olhar com tal insólito. Mas o melhor estava para vir. De entre os convidados irrompe um individuo de calça branca e lenço ao pescoço, pavoneando-se de cá para lá - e de lá para cá, e assim sucessivamente. Passam uns minutos, e entra um Smart a toda a velocidade no parque de estacionamento: eis a noiva, guiando a sua própria viatura. Sai a noiva do carro e é ultrapassada por um toino e quatro toinas que iam de mala aviada para a praia, com lancheiras, guarda-sol, tapa-vento, toalhas, baldes e pás e sacos (muitos sacos) do pingo doce. Os convidados todos em fila, três crianças a agarrar na (mini)cauda do vestido e a noiva avança para o altar. Nisto, as colunas discretamente montadas nas dunas ligam ao som de (imagine-se!) Beach Boys!
Pensava eu que tinha sido o final da festa. Qual quê! O dono do bar da praia e os seus amigos charmosos focam o olhar no topo da serra. Discreta, mudei para lá toda a minha atenção. Um dos amigos estava na ponta do precipício de parapente aberto, pronto a saltar! E saltou. Os que estão em terra vão avisando que o do ar é doidinho, que ainda vai arranjar maneira de estragar o casamento - enquanto vão implorando por juízo e fazendo gestos para que ele não aterre nos convidados. O medo aumenta quando ele se aproxima e sobrevoa a tenda tão perto que podia ter arrancado os panos brancos com os pés. Mítico, mas não houve feridos.
No final do casamento, os convidados dispersaram rápido para a boda e o dono do bar convida os noivos para uma flute de champagne. Lá vêm eles, com o fotógrafo atrás - e eu escondida no jornal, não querendo aparecer com a roupa velha que usei no dia. Conversa daqui e conversa dali, recordo-me que o noivo era o pavãozinho que deu mil uma beijocas nas convidadas antes de chegar a noiva, muito simpático e atencioso. Depois de casado, descalçou os sapatinhos à esposa e tirou o seu lenço branco (que fazia pandam com as calças). Fiquei desconfiada, mas depois tudo fez sentido: a praia, os panos brancos, a música dos Beach Boys, os risinhos e as beijocas... aquele rapaz teve tudo, menos uma entrada triunfal num cavalo (branco, claro). A noiva apareceu a toda a velocidade num Smart e, não querendo ser má-língua, um dia destes volta a usar o carro. "Olha aqui pra mim!", disse um dos homens do bar - rapariga, muitas felicidades!

"We could be married
and then we'd be happy
wouldn't it be nice?"

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*Absbilicobanzobstaferica = supercalifragilisticexpialidocious
que é como quem fica muito encantado, feliz ou estupefacto.

1 comentário:

Hagia disse...

Fabuloso espectáculo!!!

LLoooooLLL