quinta-feira, 12 de julho de 2012

continuação.

(Não é artifício de escrita, isto é mesmo uma continuação e devia ler primeiro o post anterior).

Já o calor é um caso mais sério. A verdade é que facilmente me aborrece, rouba-me toda e qualquer pequenina vontade de pegar numa história e passar para o papel. Não consigo escrever ao sol, este ano nem tentei. Nestes meses desgraçados o corpo só pede coca-cola com gelo e limão, ou café com gelo, ou Beirão com gelo e limão (seja espremido, com casca ou sem). Ou pior, pede martinis que, em número superior a dois, dão início de uma tormenta de calores internos que supera as marcas do bronze nas costas. Também é facto, e não menosprezado, que uma boa esplanada (como essa, que tenho a honra de frequentar) é sempre um espaço criativo em pleno: a música é de excelente qualidade (ainda hoje correu o cd da Joss Stone, gravado ao vivo num sítio qualquer), a bebida é fresca, costuma haver uma aragem passageira, e o gerente/funcionário do espaço é de um charme apenas comparável ao do Martini-Man, Mrs Clooney. Mas lá está, mais me ajuda este raciocínio, é disto que me aborreço. Está sempre por ali um bom conjunto de gente que dava uma boa história (gente que tem, digo eu, boas histórias). Mas o abrasado do calor só me dá para barrar protector solar, factor 30, em tudo quanto é pele exposta, nunca para agarrar uma caneta e divagar. Nunca. E agora, se escrevo, não se iludam, é apenas porque tenho o quarto climatizado a 18 graus. Estou de pijama e robe de inverno, com gorro na cabeça e meias nos pés. É o que digo, o calor não favorece o artista, muito menos a miúda que quer escrever para ganhar a vida. E que seja uma dessas confortáveis, que vá permitindo, nos intervalos destas tardes solarengas, ir num avião low cost tomar um café em malga xl a um sítio frio e distante. Ou, já que compensa, beber uma dessas cervejas que cheira à broa de milho da padaria da vila.

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