sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Toda uma infância feliz

De vez em quando, alguém cá em casa tem ideias peregrinas, do género: "agora vamos todos para a praia e tu ficas em casa, a converter as cassetes - mais velhas que o caraças - para dvd's". E eu alinho, porque nem gosto muito de ir para a praia, muito menos com a comandita toda.

Fico, e tenho de montar um arsenal de cabos e ligações, desmontar o leitor de VHS e ligar tudo à televisão. Depois, arranjar maneira de ligar isso tudo ao computador, para converter as gravações e finalmente poder livrar-me de mais uma invenção de quem, nitidamente, não tem mais nada em que pensar.

Obviamente, não funciona. Ou porque o computador não aceita o programa, ou porque a maquina afinal não é assim tão maravilhosa, ou simplesmente porque está tudo unido para me moer a paciência. Como não dá mesmo (e sabe Deus que eu tentei...), arrumo tudo, chuto o restante material para um tapete e sento-me no sofá... "Ainda quero ver o que raio tem estas cassetes de tão importante......"

E aparece-me uma criança no ecrã. Num andarilho dos bebés, com uma carinha de atolambada, a trocar os olhos e as pernas. Depois o fio de alguém que se debruçou... "OH!! É a minha avó!! E não é o Jardim Botânico... são os vasos de casa dela!!". Credo. Será que aquele cepo de criatura... sou eu?! :O Por esta altura, já estou em choque.

- Ó irmã! Chega aqui à sala, rápido!!!! Anda!!!!!!!

Ela lá sai da piscina e vem , como pessoa simpática que é - desde piquena...
Sentamo-nos as duas no sofá, e segue o vídeo. Quem está a gravar é o meu pai, reconhece-se pela voz. Anda ali também a "avó" Olívia. E... a "monga" continua às turras com o andarilho nas flores. A avó pede-lhe que bata palminhas ou que cheire as flores. Mas não, as únicas duas acções que a criança conhece são: 1) arrancar a flor mais bonita do ramo - com a variante - 2) arrancar a flor mais bonita do ramo e pô-la na boca. Nisto, cruza o ecrã uma miúda com um penteado Beatriz Costa, a pedalar de cabelinho ao vento. Além do hairstyle, toda ela muito fáshion, com um macacão vermelho da moda a fazer pandam com uma t-shirt amarelo-canário. De chorar por mais.

Estava eu afogada em lágrimas e riso, enquanto a minha irmã (agora muito menos fáshion que há uns anos atrás) ia identificando as personagens do filme. Eu era, sem dúvida, a miúda que comias todas as flores que pareciam apetitosas - no fundo, eu sempre quis ser vegan, mas nunca me deixaram; a natureza sempre teve uma relação muito "tu-cá-tu-lá" comigo. Muito menos difícil será prever que a Alves Barbosa, versão feminina e requintada, é a minha irmã.

Aquilo parecia um Big Brother, à moda antiga. Só que neste reallity-show,não dava grande jeito dizer mal dos concorrentes - se bem que, nem eu nem ela, fizéssemos a mais piquena ideia do que qualquer uma das nossas versões não evoluídas fosse fazer. Já tinha passado algum tempo, e não havia grandes alterações: eu arrancava e comia flores, ela passeava na bicicleta com rodinhas e, quando solicitada, vinha tirar-me as ervas da boca.

Sempre tive alcunhas, toda a gente tem. Mas, o que descobri nessa tarde - e que mudou irremediavelmente essa semana, e quiçá todo o mês - foi que, quando eu tinha 1 aninho de felicidade, e a minha irmã 5; eu andava num andarilho e ela numa bicicleta; eu comia flores e ela mas tirava da boca; éramos filmadas nesta rica vida, no jardim da minha avó; ela me chamava:

FRU-FRU GAITINHAS

Se depois disto vou arranjar uma placa a dizer atolambada, afixá-la na testa e sair à rua com flores na boca... é possível que sim. Muito provável, diria mesmo.

5 comentários:

Caramela disse...

Lol! Ai q bonito. fru-fru gaitinhas... Eu sugiro é que arranges uma placa c esse nome para colar na testa. Em conjunto pedes uma matricula especial com esse mesmo nome para quando tiveres carro. E a tua irmã arranja uma t-shirt a dizer "Eu ando com a fru-fru gaitinha" e uma seta a apontar para a direita ou esquerda, onde te colocas sempre que forem passear por essa terra fora.
Ai que bonito! Lol!

ainda o apanhamos disse...

ahahahahaha

ha coisas fantasticas nao há FRU FRU?

não esquecer de referir todo o cuidado (quase) maternal com que quase te cegava para me certificar que nem uma mini-petala de flor lindissima continuava nessa boquinha vegan.

Ser FRU FRU é muito à frente.

(p.s. a musica da Heidi dá-me vontade de bolsar)

... disse...

Fru fru gaitinhas? Primeiro, deixe-me dar um gutural riso de escárnio para com a sua pessoa:AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH.
Agora tenho a dizer que eu também tinha belos momentos gravados em suporte 8 milímetros (miwímetros, para o freitas), mas, por razões aparentemente desconhecidas, desapareceram... para o bem da mundo e da sociedade no geral e no particular.

odeioervilhas disse...

Caramela:
Matas-me com essas piadas... --'

ainda o apanhamos:
Sempre foste uma jóia de simpatia para comigo. Por isso é que o meu sistema imunitário mandava mensagens ao cérebro para activar os gritos sempre que me tentavas abraçar... tudo explicado, Fru-Fru.

Padeiro:
Tu cala-te! Foste filmado a comer batatas-fritas de uma balde de lixo, quando vínhamos do Museu do Neo-Realismo!

Anónimo disse...

(só um a parte: o padeiro foi filmado a comer batatas fritas do balde do lixo ?? ahah e eainda falam dos videos de lloret xD)

FRU-FRU gaitinhas ?? que amorzinhos vocês... devias ter arranjado uma outra alcunha para a tua mana se precisares de ajuda :b eheh


TatianaCadima